quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mais dois folhetos para a lista


A Editora Tupynanquim, de Fortaleza, lançou mais dois folhetos de minha lavra:
Traquinagens de João Grilo, baseado num conto popular recolhido por Sílvio Romero, e A Maldição das Sandálias do Pão-Duro Abu Kasem, recriado a partir do conto As Babuchas de Abu Kasem, de uma das muitas e variadas edições das Mil e Uma Noites.
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Eis um trecho do Traquinagens de João Grilo:
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As tradições culturais
Do Brasil são variadas,
Sementes de poesia
No nosso solo plantadas,
Na alma do nosso povo
Totalmente enraizadas.

Dentre estas tradições,
Se inclui a literatura
De folhetos – ou cordel,
Jóia da nossa cultura,
Que o Nordeste brasileiro
Elevou a toda altura.

No cordel, um personagem
Inaugurou novo estilo,
No folheto intitulado
As Proezas de João Grilo.
É o esperto amarelinho
Que jamais deu um vacilo.

Quem não conhece João Grilo,
Um menino do sertão,
Personagem que hoje é
Famoso em toda a nação?
Pequeno, amarelo, frágil,
Eis o retrato de João.

Desde muito pequenino
O nosso Grilo era esperto,
Tão esperto que fazia
O errado ficar certo,
O bonito virar feio
E o longe tornar-se perto.

Sua esperteza era tanta
Que outro igual não nasceu.
No sertão da Paraíba,
Onde o menino cresceu,
Coronéis e cangaceiros –
João Grilo a todos venceu.
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(...)
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E um excerto do Abu Kasem
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Eu vou contar uma história
Para velhos e meninos,
Que chegou ao nosso tempo
Através dos peregrinos,
Dos guerreiros do Islã,
Pastores e beduínos.

O cenário deste conto
É a velha Bagdá,
A portentosa cidade
Dos seguidores de Allah.
Que o poeta em seu verso
Pra sempre celebrará..

Em Bagdá residia
O sovina Abu Kasem,
Um mercador poderoso,
Mais rico que Pedro Cem.
E em toda vida jamais
Deu uma esmola a ninguém.

Nas ruas por onde andava,
Sempre escutava pilhéria,
Pois as suas vestes eram
O retrato da miséria,
Mas encarava os gracejos
Com expressão sempre séria.

As babuchas que calçava
Estavam tão remendadas,
Que, por onde ele passasse,
Escutava as caçoadas.
Mas cerrava os seus ouvidos
A todas as gargalhadas.

Babucha é uma chinela
De origem oriental.
Até Camões a descreve
Em sua obra colossal,
Mas nesse conto fantástico
Ela é o emblema do mal.

Mas, voltemos a falar
No famoso personagem,
Rico entre os potentados,
Com sua soberba imagem,
Sem perceber que o tesouro
Não passa duma miragem.
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(...)
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Os dois folhetos integram o catálogo da Tupynanquim: http://fotolog.terra.com.br/tupynanquimeditora2071 e podem ser aquiridos através do e-mail: tupynanquim_editora@ibest.com.br

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