terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Mistério de Josué



O Mistério da Pele da Novilha, de Josué Gonçalves de Araújo, lançado recentemente pela Luzeiro, é, ao mesmo tempo, um sopro renovador para a poesia dita popular e a afirmação de uma tradição que nem todos querem ou conseguem respeitar. Refiro-me ao romance, gênero nobre da Literatura de Cordel, que, hoje em dia, muitos consideram anacrônico.

Josué, não. Tanto no anterior, O Coronel Avarento, como neste, entrevê-se no autor o leitor. E ele não nega. Credita a sua inserção no universo do cordel à avó, que lia, para ele, o longo e empolgante romance de Minelvino Francisco Silva, João Acaba-Mundo e a Serpente Negra. Se antes do autor vem o leitor, antes do cordelista está o ficcionista. É a partir de sua obra em prosa, ainda pouco conhecida, que Josué vai construindo e consolidando sua carreira de cordelista.

Na obra de Josué, a referência à mitologia grega é também uma constante. Mas ela não é gratuita. Em O Mistério da Pele da Novilha, por sinal, ela se faz notar sutilmente, quando o autor compara o protagonista, Severino, ao desventurado Titono, amante de Éos (a Aurora), premiado com a imortalidade, mas não com a eterna juventude. No personagem principal, ainda é possível se enxergar traços da lenda cristã do judeu errante, o igualmente desventurado Ahasverus (ou Assevero), já levada para o cordel por Severino Borges, Francisco Sales Arêda e Manoel Pereira Sobrinho. Na literatura de cordel, o judeu é identificado como Samuel Belibé (de “Beli-Beth”, o sem-casa).



Josué mistura, ainda, o romance realista, com uma descrição perfeita da vida e dos costumes sertanejos, com o realismo fantástico, sem deixar de ser convincente ou descambar para a inverossimilhança.

Mais não direi para não atrapalhar o arguto leitor. Afinal, como o próprio título entrega, há um mistério a ser desvendado. E um tesouro a ser descoberto.

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