terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Reencontro com um mestre do Cordel


João Gomes e "seo" Eneias em Maceió

Por João Gomes de Sá via fotolog

Quando é possível economicamente, retorno a minha querida Maceió. Este ano, “convidei-me” para tomar um banho de mar na terra das danças, dos folguedos, do sururu, da tapioca tradicional, do pé-de-moleque e, sobretudo, das belas praias – só as praias, porque o centro, o mercado, os bairros e o transporte coletivo continuam “horrorosos”, sem contar o “Salgadinho”(esgoto a céu aberto que adentra a praia avenida)”, verdadeiro paraíso para os ratos, cobras, baratas e o mosquito da dengue.

Visitei, ainda, o Museu Théo Brandão. Senti-me gratificado em rever a casa do Dr. Théo tão bem cuidada e com um acervo da cultura do povo tão múltiplo e singular como é o artista alagoano, mas estavam ausentes as obras do “seo” Enéias, aliás, o seu cantinho, seu ateliê com suas xilogravuras, seus folhetos de cordel, o sorriso e a especial atenção dispensada aos visitantes. Uma vez ele me confessara: “Quando eu me aposentar quero permanecer aqui nessa casa, fazendo meus versos, minhas xilos e minhas glosas.” Felizmente, depois de muitos anos, pude rever o meu mestre na arte da gravura. “Seo” Enéias está triste, nem escreve mais, e sobre a arte de xilografar, comentou com os olhos nadando em lágrimas: “A vista não ajuda”.

Sobre a literatura de cordel, apesar de não escrever mais, ficou feliz em saber que houve uma retomada com o surgimento de editoras, como a Tupynanquim, de Fortaleza. Mostrou-se meio cabreiro com alguns títulos da atualidade, mas acredita que, no processo, só as obras boas vão permanecer.

Será que os estudiosos, os promotores de cultura, os órgãos oficiais, as secretarias e principalmente os estudantes de letras, de folclore, de turismo, de ensino médio e os professores conhecem o maior cordelista alagoano vivo e autor de grandes sucessos, como A Carta do Satanás a Roberto Carlos, A Briga de Dois Matutos por Causa de um Jumento, Chico Xavier e tantos outros do catálogo da Editora Luzeiro/SP?

Viva “Seo" Eneias!

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Nota do blog: o "Seo" Eneias da foto e do texto de João Gomes não é outro senão o grande cordelista alagoano Eneias Tavares dos Santos.