quarta-feira, 23 de março de 2011

Liz Taylor e Catarina



A imprensa mundial informa: morreu, hoje (quarta, 22 de março), Elizabeth Taylor. A atriz britânica, duas vezes premiada com o Oscar, brilhou em muitos filmes. Um deles, Um lugar ao sol, de George Stevens, é o meu favorito. E de Chaplin também, conforme vim a saber mais tarde.

Bem, mas a postagem é por outro motivo. Quando pensei em verter para o cordel um clássico da literatura universal, não pensei muito e cravei A Megera Domada, de Shakespeare. Talvez o motivo principal nem tenha sido a peça em si, mas o filme de 1967, dirigido por Franco Zefirelli e estrelado por Liz Taylor e seu marido à época, Richard Burton.

Nos papéis de Petrucchio e Catarina, eles reviviam cenas muito próximas da realidade, o que rendeu atuações inesquecíveis. A cena do casamento, entre tantas, merece destaque. Foi a imagem desta cena que motivou-me a escrever estes versos para o livro A Megera Domada em Cordel:



















Depois disto, ele agarrou
A noiva pelo gargalo
E deu-lhe um beijo na boca,
Com escandaloso estalo,
Que a nobreza envergonhada
Se recusava a olhá-lo.

Fico, entre tantas, com essa imagem de Liz Taylor.

HOMENAGEM A PAULO NUNES BATISTA


Arievaldo entrevista Paulo Nunes Batista durante evento em Brasília

Autor: ARIEVALDO VIANA

É uma justa homenagem
Para um renomado artista
Escritor de nomeada
Inspirado cordelista
Lenda viva da poesia
O Paulo Nunes Batista.

Filho de Chagas Batista
Um famoso menestrel,
No universo das letras
Desempenha o seu papel
Levando sempre adiante
A bandeira do cordel.

É autor de vários livros
E centenas de folhetos
E compõe, com maestria
Acrósticos, glosas, sonetos
Transborda filosofia
Até mesmo em poemetos.

Um literato de fibra
Sob meu ponto de vista,
Espírito humanitário
Quem tem saber altruísta
Parabéns à Biblioteca
E ao PAULO NUNES BATISTA.

Ficou órfão muito cedo
Mas venceu este empecilho
Estava predestinado
A ser poeta de brilho
Quando criança ajudava
Manoel D’Almeida Filho.

Descende de um velho tronco
Da fina-flor repentista
Do qual brotaram Hugolino
E Agostinho Batista;*
Seu mano, o Sebastião
Também foi bom cordelista.

* Hugolino do Sabugi e Agostinho Nunes da Costa são ancestrais de Paulo Nunes Batista. Do grande poeta Agostinho Nunes da Costa (1797 – 1858), seu bisavô, ficou registrada essa bela estrofe onde fica evidente o desejo de liberdade que sempre alimentou essa família de poetas:

Nasci livre, Deus louvado
E até sem medo fui feito
Porque meu pai, com efeito,
Com minha mãe foi casado;
Também nunca fui pisado
Como terra ou capim
E se alguém pensar assim
É engano verdadeiro:
Olhe para si primeiro
Quem quiser falar de mim.

Voltemos ao Paulo Nunes, nosso homenageado:

Ainda na Era Vargas
Enfrentou a Ditadura
Ingressou no Partidão
Com alma sincera e pura
A arma que mais usou
Foi sua literatura.

Viveu no Rio de Janeiro
Aonde foi estudante
Porém a mão do destino
O lançou na vida errante
Até que chega em Goiás
Do seu Nordeste distante.

Comunista e agnóstico
E nesta louca ciranda
Paulo Nunes vai um dia
Num terreiro de Umbanda
Sua vida, nesse instante,
Recebe outra demanda.

Uma surra dos “caboclos”
Naquele dia levou
E por ver a coisa séria
Naquela seita ingressou
Mais tarde, o Espiritismo
De Allan Kardec abraçou.

Sobre seu ingresso na Umbanda e suas convicções políticas, assim se expressou o poeta:

Inimigo de tiranos
Tenho horror à hipocrisia
Para festejar a Vida
Troco a noite pelo dia.
O caboclo “Cachoeira”
É – nas Umbandas – meu guia...

O certo é que Paulo Nunes
Não levou a vida a esmo
Nem esqueceu o Nordeste,
Da rapadura e torresmo,
Vejamos umas estrofes
Do ABC para mim mesmo:

“Operário da caneta,
Já vivi só de escrever.
Poeta de profissão
Em Goiás pude viver
Dos folhetos que escrevia
Para nas praças vender.

Trovador: escrevo trovas,
Sonetos, sambas, canções,
Contos rimados, poemas,
Num mar de improvisações,
Tenho setenta folhetos
Com diversas edições.

Versejador, viajante,
Das estrelas do Repente:
Abro a boca, o verso nasce,
Como nasce água corrente,
Tenho feito alexandrinos
Em três minutos somente...”

O certo é que Paulo Nunes
É bamba na poesia
Em 2000 ele ingressou
Na goiana Academia
De Letras e se orgulha
Desse luminoso dia.

FIM

Fortaleza, 13 de março de 2011

Clique AQUI para ler histórica entrevista de Paulo Nunes Batista ao jornal A Nova Democracia.