quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Clássico de Rodolfo tem nova edição na Luzeiro


                    
O capitão Virgulino Ferreira, o Lampião, mandatário do sertão nordestino, o mais famoso cangaceiro, foi absoluto enquanto viveu. Não respeitou lei, nem rei, soberano que era. Dominou a paisagem entre Ceará e norte da Bahia, e sucumbiu em Sergipe. Sua história, de vida e de morte, é repetida há aproximadamente 70 anos. Durante a vida, caiu na boca do povo, depois da morte caiu na pena dos poetas. O cordel, quando encontrou Lampião, celebrou o nascimento de seu herói e fomentou o roteiro de um mito.
A história elaborada por Rodolfo Coelho Cavalcante está inserida no braço épico do cordel brasileiro. A poesia épica se caracteriza por apresentar elementos históricos, aqueles que realmente aconteceram, e mesclar seus personagens com fatos maravilhosos, colocando-os no reino da fantasia. E foi isso que aconteceu com Lampião. O poeta José Pacheco narrou A chegada de Lampião no Inferno. Se a vida do cangaceiro foi trágica, seu desembarque no reino das trevas foi emoldurada pela comédia. Rodolfo tratou de outra forma n’A chegada de Lampião no Céu.
Não há comédia, há reflexão. O céu transforma-se em um tribunal, no qual um arrependido bandoleiro recorre a Nossa Senhora, solicitando intercessão. Recebe a graça do abraço maternal da Mãe de Deus, mas não poderá ficar no lar celestial, tendo que passar primeiro pelo Purgatório, onde amenizará sua culpa. Na mesma cena, vemos o enviado do Diabo, o cão Ferrabrás, ser expulso do tribunal, não recebendo nenhuma autoridade sobre a alma do réu.
Esta nova edição procurou conservar intacta a versão primeira do folheto, não mexeu nos pequenos problemas de rima e métrica, nem tentou corrigir alguns deslizes gramaticais por entendermos que, no campo poético, é facultativo ao autor procedê-lo ou não. Cabe ao leitor identificar esses mínimos problemas e, aos professores que queiram trabalhá-los com seus alunos nas aulas de Língua Portuguesa, fica reservada a tarefa de apresentar-lhes saídas. Uma maneira lúdica de surpreender-se com os mistérios da norma culta.

Nota do blog: O motivo do tribunal celeste provém da antiga religião egípcia e, adaptado ao cristianismo, veio dar com os costados na América já no tempo da catequese jesuítica. Figura em muitos autos populares e orações. O Diabo, assim como o Tifon egípcio, seu ascendente, é o acusador (ver Anúbis, in: Superstição no Brasil, de Luís da Câmara Cascudo). O mesmo motivo figura em outros folhetos de cordel, como História de João da Cruz, de Leandro Gomes de Barros, e O Castigo da Soberba, de Silvino Pirauá de Lima, base para a terceira parte do Auto da Compadecida. O apelativo Ferrabrás, com que o Diabo figura na história, vem da gesta carolíngia, e nomeia o grande inimigo dos paladinos cristãos, derrotado num duelo singular com Oliveiros.

Cordel Fora Ricardo Teixeira!



 


Autor: Manoel Messias Belizario Neto

Minha santa Wikipédia 
Traga-me inspiração – 
Nas áureolas virtuais 
Cheias de informação – 
Para que eu faça um relato 
Regido pela razão.

Santo Google, por favor, 
Não fique enciumado. 
Aponte a vereda certa 
Para que eu seja inspirado 
Trazendo fidelidade 
Ao que é aqui for relatado.

Leitor meu, como é que a gente 
Pode se sentir feliz 
Com tanta barbaridade 
Ocorrendo no país? 
Numa nação em que rico 
Não tem cadeia ou juiz?

Leitor, nosso futebol 
Sempre foi exuberante. 
Se a política envergonha 
De uma maneira humilhante 
Tínhamos no futebol 
Subterfúgio importante.

Porém a corrupção 
Que aqui fincou morada 
Saiu da esfera política 
Por esta estar saturada 
E entrou no futebol 
Fingindo não querer nada.

E agora está aí 
Exposta pro mundo inteiro. 
Os escândalos são aqui, 
Mas também no estrangeiro. 
Sendo Ricardo Teixeira 
Vergonha pro brasileiro.

Há exatos vinte e dois 
Anos Ricardo Teixeira 
Preside a CBF 
Levando na “brincadeira” 
E má fé a confiança 
Da sociedade inteira.

Agora nos vêm à tona 
Maracutaia em tufões 
Por exemplo, o caso que 
Ele recebeu milhões 
Em propina isto devia 
Ser resultado em sanções.

E foi muito interessante 
Este caso da propina 
Onde a emissora Globo, 
Uma rede muito “fina”, 
Não noticia uma linha 
Quem será que determina?

Lembrei é porque a Globo 
Ganhou o Brasileirão 
Por isso fica calada 
Perante a corrupção 
Enquanto o mundo alardeia 
Com grande indignação.

E o pior nesse lombo 
Em que o erro galopa: 
Ter crise no futebol 
Numa véspera de copa? 
Em ações que envergonham 
A CBF se ensopa.

Por exemplo, a cerimônia 
De sorteio do evento 
Da copa, está na cara 
Que houve faturamento 
Além do que deveria 
Ser gastado no momento.

Gastar num evento, amigo,
Trinta milhões de reais? 
Ah e quem organizou 
Esta festa, meu rapaz? 
Foi a Globo, rede Globo, 
Isto é ou não é demais?

Ah e quem patrocinou, 
Já sei, foi a CBF. 
Que CBF que nada, 
Promessa, um puro blefe, 
Foram os governos do Rio, 
Agindo em favor do CHEFE.

São muitas acusações 
Contra o chefe Ricardo 
Teixeira planeta afora. 
Para o Brasil, mais um fardo. 
Nossa memória é manchada 
Com este horroroso dardo.

Diante dessa vergonha, 
Dessa atuação grosseira 
O Brasil se manifesta 
Com uma mensagem certeira 
Gritando por todo canto: 
“Fora Ricardo Teixeira”.

Postado em: Cordel Paraíba


Imagem:futebolarte.blog.br