sábado, 16 de junho de 2012

O Sr. Brasil e um causo de Lampião



A convite da Editora Nova Alexandria, estou a preparar o novo livro de causos do Sr. Brasil, Rolando Boldrin, Histórias de Contar o Brasil, que será lançado na Bienal do Livro de São Paulo. Nesta sexta, 15, fui conversar com o autor do livro, que foi presenteado pela diretora da Nova Alexandria, Rosa Zuccherato, com todos os exemplares da coleção Clássicos em Cordel, além do compêndio Contos e Fábulas do Brasil.

Depois de contar muitas histórias, com mesma espontaneidade com que comanda o programa Sr. Brasil, há cinco anos no ar pela TV Cultura, perguntei a Boldrin se ele conhecia algum “causo de Lampião”. Resposta afirmativa, eu apresentei-lhe este contado por um amigo paraibano, Leudo, que vive em Serra do Ramalho, na Bahia:

Lampião e seus cabras, depois de um dos muitos enfrentamentos com as volantes que seguiam em seu encalço, foram parar num descampado, onde só havia uma casa. A dona, uma viúva, logo reconheceu o Capitão e convidou-o a entrar. Depois de servido o café, apresentou-lhe o filho, já rapazote, cujo sonho era entrar para o bando.

— E o que ele sabe fazer, dona?

— Mostra pro capitão, filho.

O moleque foi até o terreiro, deu três saltos mortais e, antes de cair, acertou, com sua garrucha, um passarinho que voava a uma razoável distância.

Aproximou-se todo pancoso de Lampião, que não teve duvidas: sacou a pistola e — pou! — acabou com a curta carreira de cangaceiro do rapaz.

A mãe, desesperada, perguntou:

— Capitão, por que o senhor fez isso? O meu filho era seu admirador.

Lembrando das habilidades do rapaz, Lampião emendou:

— Dona, seu filho é, ou melhor, era bom mesmo! E eu lá sou besta de criar cobra pra me morder?!