domingo, 15 de dezembro de 2013

Martelo natalino


O Natal representa para nós
Mais do que uma troca de presentes,
É preciso lançar boas sementes,
E fazer com que ouçam nossa voz.
Recordando as lições de meus avós,
Reencontro sua simplicidade.
Muito longe das luzes da cidade,
Ouço a voz que vem do coração
Que me diz que Natal é inclusão,
Paz, justiça, amor e liberdade.

A canção que evoca minha infância
Traz de volta as lapinhas e os benditos,
Fé sincera, e rostos tão contritos,
Que no tempo não dei muita importância,
Mas das quais hoje entendo a relevância,
Quando olho no espelho do passado.
No Natal, Jesus era celebrado,
Não havia esse tal de consumismo,
Era a festa maior do Cristianismo,
E depois misturava-se ao reisado.

Esse clima ia até o Ano Novo
E depois em janeiro, dia seis,
Celebravam também os santos reis
Que pediam esmolas para o povo.
Relembrando, eu ainda me comovo,
Dos devotos fiéis de São José,
É o que inda me mantém em pé,
Pois carrego o baú dessas memórias,
Transformando a saudade em mil histórias,
Renovando cada ano a minha fé.

É por isso que canto a minha terra,
E o Natal do meu povo sertanejo,
É por isso que levo este desejo
De um mundo sem fome, dor ou guerra.
E se um dia eu voltar ao pé de serra,
Ao casebre que foi meu natural,
Quero ver passarinhos no quintal
Quando a chuva enfim molhar o chão
E a bondade habitar o coração
De quem crê na mensagem do Natal.

                       Marco Haurélio

Nota: Poema composto em décimas de dez versos de dez sílabas poéticas (martelo agalopado). Musicado pelo cantor, compositor e contador de causos, Eufra Modesto. 

Literatura de cordel em Ituiutaba (MG)


Nos dias 6 e 7 de dezembro, participei, a convite do professor Sauloéber Souza, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), campus de Ituiutaba (MG), do projeto Educação escolar e migração no Pontal Mineiro. Ministrei uma oficina e proferi uma palestra no encerramento do projeto. As atividades tiveram início dia 2 e envolveu a comunidade escolar do município em torno do tema.  Dia 6 foram lançados os livros Literatura de cordel: do sertão à sala de aula (Paulus), de minha autoria, e Cinema e Ensino de História da Educação, organizado por Sauloéber Souza, Betânia L.Ribeiro e Carlos Henrique Carvalho. 

O melhor de tudo foi constatar que há tantos projetos bacanas, com vistas à inclusão escolar e social, espalhados pelo Brasil. E, para mim, que pratico o cordel, que a professora Vilma Quintela, chama de "literatura da diáspora", baiano radicado em São Paulo, foi uma honra fazer parte do projeto e conhecer as experiências e pesquisas desenvolvidas em torno do tema.


Apresentado pelo professor Sauloéber Souza.
Paula, Lúcia, Sauloéber, Marco Haurélio e Talita.