domingo, 2 de fevereiro de 2014

Reabrindo o baú do tesouro

Sempre que posso, lembro a contribuição de minha avó, Luzia Josefina de Farias em minha formação como leitor, defensor e propagador da cultura popular e, mesmo, como autor de cordel. No livro Literatura de cordel - do sertão à sala de aula (Paulus, 2013), rememoro as muitas vezes em que ela declamava — ou cantava — a História da Princesa Rosa, atribuída a Silvino Pirauá de Lima (1848-2013). É o primeiro texto de um ciclo vasto na literatura de cordel, com o tema da esposa caluniada, acusada e, depois, redimida.







Pois bem, em visita à minha tia Isaulite (Lili), em Igaporã, Bahia, deparei com o armário que pertence à minha avó e, abrindo uma das gavetas, vi um velho caderno, sem capa com o texto transcrito por meu avó, Joaquim José de Farias. As estrofes apresentam algumas diferenças do texto publicado pela Editora Luzeiro, como segunda história na obra O Capitão do Navio, também de Pirauá. As diferenças, geralmente, estão em versos com rimas toantes. Descobri que estas emendas foram feitas, na verdade, pelo editor João Martins de Athayde, que publicou a obra atribuindo a si mesmo a autoria.

O dia em que se fizer uma pesquisa mais acurada a respeito da importância da poesia popular na vida sertaneja, constatar-se-á que ia muito além dos serões noturnos ou da leitura coletiva. Era praticamente um ritual que alimentava a camaradagem, a partilha, o respeito e a hospitalidade. E, como prêmio, disseminava-se a poesia que — embora tributária da poesia de vários povos e países — é brasileira por excelência.

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