quarta-feira, 26 de março de 2014

Lançamento: Os 12 Trabalhos de Hércules



Héracles, mais conhecido pelo nome romano Hércules, é filho do soberano dos deuses, Zeus, com a mortal Alcmena, esposa de Anfitrião, rei de Tebas. É, por isso, perseguido por Hera, esposa traída de Zeus, desde o nascimento. Uma condição imposta por Zeus daria ao descendente de Perseu que nascesse primeiro o direito de reinar sobre os tronos de Micenas, Tirinto e Mideia, na Argólida. Hércules e Euristeu, concebidos no mesmo período, eram os descendentes do grande herói vencedor da Medusa. Segundo uma das muitas versões da lenda, Hera, auxiliada por Ilítia, a deusa que presidia aos partos, faz que Euristeu nasça de sete meses, o que não só lhe dá direito ao trono, como também estabelece uma relação senhorial com o filho de Alcmena, que, para se livrar do jugo, terá de realizar 12 trabalhos.



Há, porém, versões controversas quanto ao número de trabalhos realizados por Hércules, bem como sobre seus reais motivos. A tradição mais aceita aponta como causa a tentativa de purificação do herói que, em um acesso de loucura enviado por Hera, ateia fogo na casa em que vivia, matando, sem saber, a esposa, Mégara, e os três filhos. No entanto, uma versão tardia, presente na peça Héracles, de Eurípides, atribui os trabalhos à condição imposta por um tirano, Lico, usurpador do trono de Argos, segundo a qual o herói poderá entrar na cidade, onde sua família estava refugiada, somente após a realização das tarefas.


Os primeiros trabalhos foram realizados no Peloponeso: o Leão de Nemeia, a Hidra de Lerna, o Javali de Erimanto, a Cerva Cerinita, os Pássaros do Lago Estinfalo e os estábulos de Augias. Os seis últimos levaram o herói além dos limites do mundo conhecido (pelos gregos): o Touro de Creta, os Cavalos do tirano Diomedes (Trácia), o cinto de Hipólita, a rainha das Amazonas (Cítia), os Bois do gigante Gerião (Península Ibérica), a captura de Cérbero (Infernos) e As maçãs douradas do país das Hespérides (Ocidente). Ao fim dos trabalhos, purificado, o herói parte para outras aventuras, até o momento em que, despedindo-se da vida, ganha lugar entre as estrelas. É admitido entre os deuses, tornando-se, ele próprio, um deus, cujo culto era muito popular na Grécia Antiga.

Sobre o livro

O livro Os 12 Trabalhos de Hércules (Cortez Editora) é uma releitura das grandes façanhas do herói grego Hércules. É composto por poemas escritos em diferentes modalidades, que ora se aproximam da sátira (o Leão de Nemeia, os estábulos de Augias), ora se rendem ao lirismo das imagens concebidas pelo ilustrador Luciano Tasso (o cinto de Hipólita, as maçãs de ouro das Hespérides). Os feitos de Hércules são recontados em quadras, sextilhas, setilhas, oitavas e décimas com métricas e esquemas de rimas variados.

Esta obra, que dialoga com a literatura de cordel e com outros gêneros poéticos, é prova inconteste de que, livre das amarras, a poesia pode ir além das fronteiras estabelecidas entre o erudito e o popular. Texto e ilustrações podem ser lidos em conjunto ou separadamente, e a ordem dos trabalhos aqui escolhida não implica, necessariamente, a ordem a ser seguida pelo leitor.

Os 12 Trabalhos de Hércules
Autor: Marco Haurélio
Ilustrador: Luciano Tasso
Editor: Amir Piedade
ISBN: 9788524920431 / Editora: Cortez / Edição: 1ª / Acabamento: Brochura / Formato: 20.50x28.00 cm / Páginas: 64


Lançamento
Quando? 12 de abril (sábado), às 15h
Onde? Livraria Cortez, rua Monte Alegre,1074 – Perdizes, São Paulo (SP)

Na ocasião, haverá contação de histórias.

Banca nacional do Cordel voltará à Praça Cayru

A peleja dos cordelistas para manter a tradição


Por: Marcos Dias, Jornal A Tarde

O aniversário é de Salvador, mas o inferno astral parece ter sido dos repentistas, violeiros e poetas da literatura de cordel. Desde que a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) determinou o reordenamento para camelôs e artesãos da Praça Cayru,  em frente ao Mercado Modelo, em 21 de outubro do ano passado, os artistas populares ficaram sem ter onde se apresentar nem comercializar  seus livros e discos.

Mas na última segunda-feira, com a inauguração do Palco dos Cordelistas, no mesmo local onde a Ordem Brasileira dos Cordelistas e Poetas da Literatura de Cordel mantinha uma banca, integrando a programação do Festival da Cidade, a peleja contra o dragão da insensibilidade administrativa teve fim.

Pelo menos foi o que garantiu o secretário do Desenvolvimento, Turismo e Cultura de Salvador, Guilherme Bellintani: "Foi o tipo de situação  que devemos aprender com os erros. Não foi intencional, mas eles foram equivocadamente retirados. A gente espera que daqui para a frente o palco seja a grande âncora desta Praça".

O secretário garantiu que após as comemorações do aniversário da cidade, o palco vai permanecer e será administrado pela própria Ordem dos Cordelistas.
Um novo lay-out na estrutura também vai enfatizar as referências nordestinas  no equipamento da prefeitura. E, dependendo da experiência, Bellintani também considera implantar palcos semelhantes em outros espaços da cidade.
A frase mais ouvida durante as apresentações, entre os repentes,  traduzia o  alívio que os artistas populares sentiram: "Graças a Deus que a Praça voltou!".

As apresentações do Festival dos Cordelistas  continuam até sábado,  com apresentação de  Bule-Bule e  atrações como  Lavandeira, Bem-te-Vi, Antonio Queiroz, Sabiá e Zé Querino e Caboquinho e João Ramos, entre outros.

O presidente interino da Ordem Brasileira dos Cordelistas, Antonio Tenório Cassiano, 71, que atende pelo nome artístico de Paraíba da Viola, tem  razão em comemorar.  "Nosso trabalho aqui não é de camelô, é cultura. E essa cultura é tão forte que nem os poetas sabem direito da potência que ela tem. Não é muito respeitada, como agora fizeram, mas deram fé que fizeram errado".

No comando
Antes de saber o que seria do ponto em que se apresentam desde 1978, Paraíba tentou falar duas vezes com a titular da Semop, Rosemma Maluf, mas não foi atendido. Na época, fez o que um artista faz de melhor e criou: "A secretária quer levar nossa cultura de eito, /mas eu confio em Jesus que isso vai ter um jeito, /porque Deus tá no comando e manda mais do que o prefeito".

A fé, ou o empenho do cordelista no seu ofício e identidade, se fundamenta na honra. Filho do poeta popular Candido Tenório do Nascimento, desde criança se acostumou com as cantorias  em casa. "Toda vida fui poeta. Triste de mim se não tivesse essa profissão".

Mesmo assim,  costuma dizer que só conta sua carreira a partir de 1990. Natural da Serra do Teixeira (PB), ele veio para Conceição do Coité em 1975.  Até então, não bebia, com medo do pai, mas uma vez por aqui, as coisas desandaram.

"A mulher sofreu muito, não sofreu agressão fisica, mas sofreu muita fome, muita vergonha, e os filhos. Graças a Deus, Ele me botou no AA e eu conto minha profissão desse tempo para cá".
Agora, enquanto não puderam estar na Praça Cayru, as dificuldades da Ordem dos Cordelistas  aumentaram. A maior foi a manutenção do aluguel da Casa do Cantador, que a Ordem mantém em Dom Avelar. "Nós, poetas populares, somos esquecidos pelo poder público. Você não tem uma ajuda de custo de um centavo".


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Alice no país das Maravilhas em Cordel no blog da Nova Alexandria



Leia, no blog da Editora Nova Alexandria, trecho da apresentação que escrevi, para o livro Alice no País das Maravilhas em Cordel, de João Gomes de Sá:


Alice no País das Maravilhas tornou-se, desde o seu lançamento, em 1865, um grande clássico da literatura infantil. Seu autor, o inglês Charles Lutwidge Dodgson, usou o pseudônimo literário Lewis Carroll. Sua obra principal, sucesso imediato e retumbante, chegou às mãos da rainha Vitória, da Inglaterra, que fez questão de conhecer as demais obras do autor.

Antes de Alice, Dodgson escrevera apenas tratados de Matemática. A história, ao longo de mais de um século, foi adaptada várias vezes para o cinema. Virou filme de animação dos Estúdios Disney em 1951. O cineasta Tim Burton dirigiu uma versão excêntrica, que estreou em 2010. A primeira adaptação, no entanto, foi um filme mudo rodado no Reino Unido em 1903.

João Gomes de Sá, um dos mais respeitados cordelistas da atualidade, é o autor da versão em cordel de Alice no País das Maravilhas. O poeta, atento às soluções criativas do texto original, reconstruiu algumas situações, emprestando características nordestinas à protagonista, aos personagens e cenários.


O início já dá uma amostra do que vem a seguir: Alice, em perseguição ao Coelho Branco, não cai num poço, mas numa cacimba encantada. O Gato de Cheshire ou Gato Risonho, mesmo conservando o dom da invisibilidade, é um típico repentista nordestino. Para compor o personagem, João se inspirou no cantador paraibano Sebastião Marinho. Alice ainda encontra, na estranha terra, maravilhas que remetem ao clássico cordel Viagem a São Saruê, do poeta paraibano Manoel Camilo dos Santos (1905-1987). A estrofe, reproduzida abaixo, mostra essa fusão:

Por lá viu rios de leite,
Montanhas de goiabada,
Castelos de rapadura,
E árvores de marmelada.
Suspirou muito porque
Somente em São Saruê
Tal riqueza era encontrada.

O Chapeleiro Louco, personagem de grande importância no original de Carroll, tem, aqui, “O mesmo céu estrelado/ Do chapéu de Lampião”. Na versão do nosso cordelista, os tacos-flamingos e as bolas-ouriços do jogo disputado entre Alice e a Rainha de Copas se transmutam em seriemas e tatus-bolas, animais da fauna brasileira.

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