sexta-feira, 18 de abril de 2014

Duas representações de Nossa Senhora da Piedade

IMAGEM Nº 1: Frei Cipriano da Cruz, Pietà,
cerca de 1685, Coimbra, Museu Machado de Castro
Por José Joaquim Dias Marques

Um dos modos mais interessantes de representar o Cristo morto é a chamada PIETÀ (em português, Nossa Senhora da Piedade), em que a Virgem surge com o filho morto no regaço.
A mãe que chora olhando o filho morto, que já não lhe cabe no colo, como quando era criança, e, pelo contrário, agora ultrapassa de modo tragicamente anormal os limites do regaço, talvez seja o ponto por onde esta representação toca na sensibilidade humana.
As figuras divinas humanizadas (sobretudo a mãe), representadas sofrendo o mesmo que quaisquer seres humanos, possibilitam uma identificação mais fácil com a divindade, que na Pietà deixa de ser um Deus distante, intangível, e se aproxima dos homens.
Esta humanização do divino é ainda mais nítida quando se tem em conta que a Pietà não representa nenhuma cena narrada nos evangelhos, pois nestes se não refere que Cristo, depois de baixado da cruz, tenha sido colocado no colo da mãe. Trata-se, pois, duma invenção moderna, mas de grande poder sugestivo.
As mais antigas pietàs conservadas são alemãs e datam de cerca 1320-1330. Inicialmente eram uma espécie de imagens temporárias, compostas por uma imagem de Nossa Senhora sentada, em cujo regaço se deitava uma imagem de Cristo que se retirava da cruz na Sexta-feira Santa. De notar que, de facto, em várias imagens de Cristo crucificado, o Cristo é “despregável” da cruz e tem braços articulados. Era essa mesma imagem de Cristo que, depois, se retirava do regaço da Virgem e era colocada num caixão, que se passeava na chamada procissão do Enterro do Senhor.
Na Pietà da igreja de Nossa Senhora da Ascensão (VER IMAGEM Nº 2), em Salmdorf, Munique, Alemanha (de cerca de 1340), pode-se observar bem que o Cristo é articulado.
À cena representada na Pietà está ligado o pequeno poema de origem medieval “O VOS OMNES” (ver o texto abaixo), que, sem dúvida pelo dramatismo da situação que evoca, foi posto em música por compositores de variadas épocas e lugares, até hoje.
Portanto, muito havia por onde escolher (por exemplo, a famosa versão de Tomás Luis de Victoria), mas decidi-me por uma versão bem moderna, dum compositor norte-americano nascido em 1983, BLAKE R. HENSON. É cantada pelo coro da escola secundária de Coronado, em Henderson, estado do Nevada, EUA, que me parece dá muito bem conta do recado.

Diz a letra:
“O vos omnes qui transitis per viam,
attendite et videte si est dolor similis sicut dolor meus”
(=Ó vós todos que passeis pelo caminho,
reparai e vede se há dor parecida à minha dor).


José Joaquim Dias Marques é doutorado em Literatura Oral pela Universidade do Algarve, onde é professor auxiliar. Desde 1980, tem-se dedicado à recolha e estudo da literatura oral portuguesa, sobretudo do romanceiro. Sobre este género tradicional publicou numerosos artigos e a ele dedicou a sua tese de doutoramento (A Génese do Romanceiro do Algarve de Estácio da Veiga, 2002). É co-autor (com Isabel Cardigos e Paulo Correia) do Catalogue of Portuguese Folktales (2006). 

Téo Azevedo concorrerá ao Prêmio da Música Brasileira

Recebi, do amigo Cláudio Rogério Guimarães, via e-mail, a notícia abaixo, que mostra, mais uma vez, a competência e o profissionalismo do produtor Téo Azevedo.
Divulgação

Valdo & Vael indicados ao Prêmio da Música Brasileira (Música Regional)

Antônio Carlos de Souza Gomes (Valdo – 13/06/1962) e Eurípedes José de Souza Gomes (Vael – 09/08/1965), filhos do casal Eurípedes de Souza Gomes e Ana de Souza, nasceram na região de Oncinha, distrito de Bocaiuva, Norte de Minas Gerais. Com os pais e mais seis irmãos, batalharam duro no serviço roceiro. Todos eles nasceram com o dom musical herdado do pai, que foi folião de Reis.

O primeiro passo no segmento artístico aconteceu em 1982, quando os dois irmãos fizeram uma dupla sertaneja chamada “Carlinhos & Zezinho”.

Ainda em 1982, em Montes Claros-MG, a dupla participou do Festival Realejo, promovido pela Associação dos Repentistas e Poetas Populares do Norte de Minas. Na oportunidade, Téo Azevedo e o compositor Josecé Alves Santos tiveram a ideia de fazer uma coletânea só com artistas norte-mineiros. O vinil se chamava “Cantigas do Norte de Minas”, produzido por Téo para o selo Tradições Matutas, de São Paulo. A dupla “Carlinhos & Zezinho” cantou a faixa “Vaqueiro São-franciscano” e se saíram muito bem.

Em 1983, foram convidados a entrar no Terno de Folia de Reis de Alto Belo pelo mestre da época, Téo Azevedo.

Em 1984, o mais velho da dupla, Valdo, tornou-se o mestre do Terno da Folia de Reis de Alto Belo devido a seu grande conhecimento musical e religioso numa folia de Reis. A festa, que acontece anualmente no segundo fim de semana de janeiro, é a mais importante do Brasil nesse segmento. Ao criar a festa, Téo conseguiu juntar a religião católica com a cultura popular, um evento que no decorrer dos anos acabou tornando-se um encontro de todas as vertentes culturais do Brasil.

De 2013 para cá, a organização da festa está sob a batuta do mestre Valdo.

- Catálogo fonográfico da dupla Valdo & Vael:

01 – “Meu Grande Sonho” (Independente - Vinil)
02 – “Minha Decisão” (Independente - Vinil)
03 – “Forró Sertanejo” (Gravadora Pequizeiro - Cd)
04 – “Canto do Povo” (Independente - Cd)
05 – “Valdo & Vael Acústico” (Independente - Cd)
06 – “Quero Ver Alegria” (Independente - Cd)
07 – “Brasil com “S” (Allegretto - Cd)



A dupla tem uma formação de música autêntica de raiz, mas canta várias correntes da música sertaneja, devido aos muitos anos de experiência em barzinhos, boates, praças públicas, circos,programas de rádio e televisão, feiras agropecuárias e em diversas apresentações em parceria com Téo e Rodrigo Azevedo.

O recurso vocal da dupla é de impressionar. Só mesmo quem já ouviu é que sabe o real valor destas duas vozes.

Dos sete trabalhos fonográficos da dupla, cinco foram produzidos por Téo Azevedo, que foi quem descobriu e lançou a dupla em disco.

Finalmente um trabalho de música regional que se vem fazendo há muitos anos começa a gerar frutos. Primeiro com o Grammy Latino conquistado por Téo Azevedo em 2013, prêmio ao qual concorreu com dois álbuns na categoria Música de Raiz,“Salve Gonzagão – 100 Anos”, vencedor, e “Sob o Olhar Januarense”.

Agora Téo foi indicado ao Prêmio da Música Brasileira 2014 com dois trabalhos: “Meu Deus, que país é esse”, Caju & Castanha, e “Brasil com “S”, com a dupla Valdo & Vael. A entrega da premiação será dia 14 de maio de 2014, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Esta premiação em nível nacional substituiu aos antigos Prêmio Sharp da Música Brasileira e Prêmio Tim.

O disco de Valdo & Vael “Brasil com “S”é um autêntico trabalho da verdadeira música caipira brasileira, com temas e melodias inteiramente dentro do gênero e com acompanhamento de acordo com o que pede a produção. Ou seja, dois violões, duas violas, um baixo, um acordeom e uma leve percussão. Com exceção das faixas“Laço de Saudade”, de Vael e Paulo Queiroga, e “Amo-te muito”, de João Chaves, o restante do repertório é de autoria de Téo Azevedo com alguns parceiros, como Capitão Furtado, Braúna, Tony Gomide, Chicão Pereira e Sidnaldo Ezarchi.

É um disco que não pode faltar na coleção de quem gosta da música genuinamente brasileira de raiz.

Contato Valdo & Vael:(38) 9817-7099. Email: valdoevael@yahoo.com.br .
Gravadora Allegretto: (11) 3313-2040. Email: allegretto@allegretto.art.br.
Produtor: Téo Azevedo (38) 9999-9109 / (11) 99900-8141.


Téo Azevedo tem 70 anos de idade, 50 de produção. Tem mais de 3000 mil trabalhos produzidos e cerca de 2500 músicas gravadas, das quais mais da metade se perdeu no tempo. Possui em torno de 700 músicas cadastradas no ECAD. Téo já escreveu mais ou menos 1000 histórias da literatura de cordel. Tem por volta de 30 trabalhos como intérprete, 10 livros sobre cultura popular, é cantador, violeiro, poeta, repentista e contador de causos.