terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Breve História da Literatura de Cordel (segunda edição)



Já está disponível, no site da Nova Alexandria, a nova edição do livro Breve História da Literatura de Cordel. Esta nova edição, revista e ampliada, traz, assim como a anterior, ilustração de capa de Jô Oliveira.

Abaixo, um trecho da Introdução ao livro, sugestivamente batizada como Chegança:

Dobrada a esquina do século e do milênio, a Literatura de Cordel do Brasil, contrariando previsões pessimistas, continua viva. A resistência deste ramo da literatura popular tem motivado inúmeras discussões no meio acadêmico, no qual os estudos sobre Cordel são cada vez mais frequentes. Há várias editoras tradicionais ou instituições imprimindo e comercializando folhetos populares e, a cada dia, mais e mais títulos são lançados em várias mídias, que vão da reprodução por xerox até a impressão em off-set. Verdade que, como em qualquer outro gênero literário, qualidade e quantidade nem sempre caminham juntas. Mas, ao final, somente a joeira do tempo dirá quem sobreviveu às novas possibilidades.

Desde a origem, quando circulou em manuscritos ou em poemas preservados na memória de cantadores e contadores de histórias, até o momento em que se iniciou a produção em larga escala por iniciativa do poeta paraibano Leandro Gomes de Barros, paraibano de Pombal que migrou para cidades dos arredores do Recife, até fixar-se definitivamente na capital pernambucana, o Cordel conheceu cumes e abismos, passou por transformações e se adaptou aos novos tempos. Algumas características básicas definidoras, como a preferência dos autores pelos versos em redondilha maior (de sete sílabas poéticas), com predominância da sextilha, além de temáticas que mesclam o regional ao universal, permanecem. Com Leandro, até hoje considerado o maior poeta do gênero, no final do século XIX e nas duas primeiras décadas do século XX, o Cordel atingiu o primeiro ápice. Não que este poeta tenha sido o primeiro a imprimir e vender folhetos. Definitivamente não o foi. Há registros de folhetos de autores portugueses e brasileiros que circularam antes da alardeada e nunca comprovada data – 1893 – de publicação do primeiro folheto de Leandro. A sua contribuição maior, para além da qualidade de sua obra, foi a criação de uma atividade editorial regular, com o estabelecimento de um modelo que seria imitado por todos os futuros editores, fossem eles poetas ou não. Sua estratégia de publicar os romances e folhetos em fatias, à maneira dos folhetins, mimetizando uma prática comum aos jornais do século XIX, foi muito bem-sucedida, se levarmos em conta a formação de um público fiel e ávido por novidades.

 A editoração, a partir da década de 1920, com a ascensão de João Martins de Athayde, outro paraibano radicado na Veneza brasileira, chegou a um nível de profissionalismo tal que, para atender à demanda de uma legião de leitores, eram impressos milhares de exemplares de um único volume. Athayde, que trabalhava com os títulos de sua autoria e de outros poetas, adquiridos por compra ou permuta (a popular conga), aperfeiçoou o sistema de publicação e distribuição de Leandro, publicando os cordéis em versões integrais ou, quando necessário, em dois ou mais volumes. De 1921 a 1949, embora enfrentando a concorrência do aguerrido poeta, editor e livreiro paraibano Francisco das Chagas Batista, em suas aventuras em tipografias pelo interior e, finalmente, na capital de sua terra natal, Athayde foi quase senhor absoluto de seu ofício.


Muitos outros nomes ajudaram a definir os rumos da literatura de cordel nordestina, a exemplo de José Camelo de Melo Resende, autor do Romance do Pavão Misterioso e de outros tantos títulos de prestígio, e José Pacheco da Rocha, o brilhante autor de A chegada de Lampião no Inferno, o mais memorável dos folhetos humorísticos, cuja inspiração parece vir do teatro de mamulengos, por sua vivacidade despojada de adornos e floreios. Outra geração, nascida no início do século passado, teve um papel igualmente importante na consolidação do gênero, com a ampliação do referencial temático, resultante das muitas diásporas sertanejas, e a consequente evolução gráfica, a partir do desenvolvimento de uma atividade industrial de impressão em São Paulo, depois da década de 1950. Destaca-se, então, a editora Prelúdio, a princípio assessorada pelo baiano Antônio Teodoro dos Santos e depois por Manoel D’Almeida Filho, rebatizada na década de 1970 como Editora Luzeiro, responsável por uma revolução em termos comerciais, a ponto de chocar com suas capas coloridas e edições bem cuidadas os pesquisadores puristas ou “tradicionalistas”.

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