quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Brasil marca presença no Fórum Internacional de Narradores de Sharjah (EAU)


Narrando em espanhol o conto O Príncipe Cavalinho,
traduzido para o árabe por Némer Salamúm.

A convite do Sharjah Institute for Heritage (Instituto para o Patrimônio), participei, do  18º  Sharjah International Narrator Forum, que ocorreu no início desta semana em Sharjah, uma das pérolas do Oriente Médio. O pequeno emirado, que erigiu a cultura como um dos seus grandes pilares, sediou o encontro que reuniu mais de uma centena de narradores e pesquisadores de tradição oral de vários países, incluindo o Brasil. Dr. Abdulziz Al Mussalan, presidente do Instituto, escritor poeta e estudioso das tradições milenares do povo árabe, foi o responsável pelo convite, ainda na Bienal do Livro de São Paulo, onde dividimos uma mesa, no Espaço de Sharjah, que tinha os contos folclóricas e a heranças árabes no Brasil como tema.

Oficina com Fábio Lisboa


No dia 25, no Centro de Convenções, no Espaço dedicado ao Forum, fiz uma breve e inesquecível participação. Uma honra que, por mais que eu busque, não conseguirei expressar em palavras, foi dividir o mesmo espaço com o genial Némer Salamún. Recontei em espanhol o conto popular O Príncipe Cavalinho (do livro Contos e Fábulas do Brasil), do ciclo do noivo animal, que ele, Némer, vertia imediatamente para o árabe, arrancando risos e aplausos da plateia composta majoritariamente por crianças. O encanto pelas histórias, velhas como a humanidade, afinal de contas, é universal.
 
Willo e Rafo Diaz, grandes narradores e divulgadores da tradição oral. 
Némer ainda traduziu contos narrados pelos parceiros latino-americanos, o colombiano William Arunategui (Willo) e o peruano Rafo Diaz. No período da manhã, a companheira Lucélia Borges ministrou uma oficina de isogravura para crianças e expôs algumas matrizes de xilogravura de seu acervo. O casal de amigos Fábio Lisboa e Bianca Tozzato ministraram uma oficina de confecção de brinquedos tradicionais feitos com papelão. Fábio participou ainda da abertura do evento, ao lado de outros narradores, saudando o sheik Sultan bin Muhammad Al-Qasimi, governante de Sharjah, grande incentivador das artes e das ciências, também ele um renomado intelectual, com formação em várias áreas do conhecimento.

Volto para casa muito feliz depois dessa breve estadia entre o povo do deserto, cuja herança cultural avançou pelo norte da África, chegou à Península Ibérica e, por meio de portugueses e espanhóis, alcançou a terra depois chama de América. No Brasil, a região Nordeste é a que melhor guardou o patrimônio imaterial do povo árabe e dos povos berberes, ainda hoje vivo em costumes e crenças, contos, lendas, autos populares e até mesmo em nossa poesia popular, mormente no cordel, repente e nos aboios dos vaqueiros.

Mais uma vez, minha gratidão a Sharjah, em especial ao dr. Abdulziz, a Aisha Alshams, diretora do Center for Heritage, incluindo toda a comissão organizadora que nos recebeu tão bem, comprovando a proverbial hospitalidade dos povos do Crescente.

Salam Aleikum!


Exposição de livros e folhetos


Wayqui César Villegas, mestre peruano. 


Era uma vez com mestre Némer Salamúm. 


Seres fantásticos do leste asiático. 

No Center for Heritage, encontrei esse 
"cavalo marinho" italiano.




Apresentando o cordel a Sherif Mahmoud Aly, representante do Egito


Némer Salamúm e Willo em bela dobradinha.




No Museu da Civilização Islâmica, um elo com a
"civilização do couro" do Nordeste


Oficina de isogravura para crianças, com Lucélia Borges
No Center for Heritage, com Magaly Quadros, 
do projeto Mala de Herança. 
Willo, Lucélia e Rafo Diaz nas ruas de Sharjah. 




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