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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Rafael de Carvalho, um artista do povo


Recebi do amigo Zé Paulo, de Guarabira (PB) a alentadora notícia: a cidade de Caiçara homenageará por um mês o grande Rafael de Carvalho (1918-1981), poeta, ator e agitador cultural, morto há exatos 30 anos.

reproduzo, abaixo, o texto de divulgação, enviado pelo próprio Zé Paulo:



Rafael de Carvalho, um artista do povo – 30 anos de saudades.

Há 30 anos a Paraíba perdia um dos maiores nomes da sua cultura, o caiçarense Rafael de Carvalho. Ele nasceu em 1918 no Sítio Massaranduba, em Caiçara-PB. Desde criança, Rafael admirava a cultura popular, representada pelos cordéis, pelos repentistas nas feiras, pelos Bois de Reis e outras manifestações comuns no interior da Paraíba.
Aos 16 anos, fugindo da seca, ele “ganhou o mundo”. Serviu ao Exército em Recife e depois partiu para Salvador. Nos 10 anos que viveu na capital baiana, Rafael vivia de “bicos” e mostrava seu talento nas rádios, no teatro e nas feiras. Em 1948, partiu para o Rio de Janeiro onde construiu uma carreira digna deorgulho, versando por diferentes campos cultura, além de uma forte atuação política.

CINEMA
Rafael atuou em 34 filmes dos mais variados estilos. Da sua filmografia destacamos: Terra em Transe(1967), O Homem Nú(1968), Macunaíma(1969), O Picapau Amarelo(1973), O trapalhão na Ilha do Tesouro(1975), Fogo Morto(1976), Eles não usam Black Tie(1981), O Homem que Virou Suco(1981), Dôra Doralina(1982) e O Baiano Fantasma(1984).

TELEVISÃO   
   
Começou participando de vários programas de humor da extinta TV Excelsior. Depois, na TV Tupi, se destacou em papéis como o do prefeito Torquato, de “Chico City” (programa de Chico Anysio). Sua estreia em novelas se deu na Rede Globo na antológica “O Bem Amado” (1973), depois atuou em “Gabriela” (1975) e Saramandaia”(1976). Ainda no canal, atuou em especiais como “Vida, Vida”(1977). Participou ainda da primeira versão de "Roque Santeiro" que começou a ser gravada em 1975, mas a censura do Roverno Militar a proibiu de ir ao ar. Depois, na TV Bandeirantes, participou das novelas “Cavalo Amarelo”(1980) e “Rosa Baiana”(1981).
  
MÚSICA

O caiçarense também conquistou seu espaço no meio musical. Em 1951, a cantora Ademilde Fonseca, a “Rainha do Choro”, gravou uma música composta por ele chamada “Arrasta-pé”. No mesmo ano a cantora Belinha Silva gravou “Piaba”, um coco de sua autoria. No ano seguinte Rafael a assinou contrato com a gravadora Todamérica, pela qual lançou três discos. Uma das músicas dessa época foi “Adeus Caiçara”, uma homenagem a sua terra natal. Depois, contratado pela Columbia, gravou mais dois discos (1960/1961). Fez participações em disco do sanfoneiro Abdias(1961), no LP lançado pelo Centrode Cultura Popular da UNE, intitulado “O Povo Canta” e no LP “Brincando o Carnaval”. Em 1971, lançou o LP “Boi da Paraíba” e, em 1973, em parceria com o artista Wilson Aguiar, conhecido por “Cheiroso”, produziu o LP “Emboladas, cocos e desafios”. O último LP com faixa de sua autoria foi “O Melhor da música regional do Norte e do Nordeste” (1975).

TEATRO & ESPETÁCULOS

Os palcos também sempre estiveram presentes na sua vida, seja nas peças teatrais, seja nos espetáculos. Uma das peças que dirigiu e encenou foi “Broacadabra”. Atuou em peças históricas como “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come”(1966) e “Revista do Henfil”. Em 1975, criou e estrelou o espetáculo “É Muito Socó pra um Socó Só Coçar”.

CULTURA POPULAR

As apresentações do seu “Boi de Reis” chamaram muita atenção dos cariocas. Em 1965, um movimento encabeçado por ele fundou o Centro de Estudos Folclóricos Edson Carneiro. O cerne do atual Museu do Folclore do Rio de Janeiro, o maior do gênero em todo o país. Como escritor e pesquisador do folclore, lançou em 1971, acompanhando o LP, o livro “Boi da Paraíba”. Os cordéis, no entanto, são o ponto forte da produção literária do artista.  Chegou a presidir a Associação Brasileira de Cordelistas. Foi autor de cerca de vinte títulos e na maioria deles transmitia os ideais socialistas para o “povão”. Amigo deFrancisco Julião, Rafael adaptou para a linguagem do cordel os ideais das Ligas Camponesas na “Cartade Alforria do Camponês”. Como colunista do jornal carioca “Última Hora”, narrava as notícias do momento na forma de versos, suas famosas “quadras”. Em 1978, parte dessas colunas foram reunidas e formaram o livro “Quadra e Quadrilha”.

POLÍTICA

Impregnado pelas idéias Marxistas de Carlos Prestes, Rafael foi militante do Partido Comunista, atuou em movimentos da UNE, de grupos de artistas de esquerda e foi um dos poucos a usar o cordel com fins políticos. Foi perseguido e preso pelo Regime Militar.

Rafael teve 5 filhos, frutos de 3 relacionamentos. Uma das suas filhas é Nádia Carvalho. Seguindo os passos do pai, Nádia atua como atriz e dubladora. Entre seus papéis está a Dona Santinha Pureza da Escolinha do Professor Raimundo, que deixou marcado o bordão: “Eu góstio”. Atualmente, Nádia está participando da novela “Vidas em Jogo”, da Record. Sua segunda esposa, Mary Neubauer, também é atriz, atuou ao lado dele em vários trabalhos e teve uma carreira de sucesso na TV, no teatro e cinema.
Manoel Rafael de Carvalho foi vitimado por um infarto que o levou a óbito aos dias 03 de maio de1981, perto da Praia de Itapuã, em Salvador, Bahia.

A HOMENAGEM

Durante o mês de maio, o caiçarense será homenageado em sua terra natal com a exposição RAFAEL DE CARVALHO, UM ARTISTA DO POVO – 30 ANOS DE SAUDADES, organizada pelo Grupo Atitude, coordenado pelo Prof. Jocelino Tomaz. A abertura será às 9 da noite do dia 1º de maio com projeção comentada de slides retratando a trajetória do Rafael, cenas de filmes e novelas com o ator, execução pública da música “Adeus Caiçara”, apresentação de repentistas, apresentação de Zé Carlos e banda executando músicas de autoria do homenageado.
Durante a exposição, de 2ª a sábado, das 7 ás 11, das 14 às 17, e das 19 às 21 horas, em casarão histórico ao lado da Igreja Matriz, haverão painéis de fotos comentadas, cartazes de filmes, discos, livros, cordéis, filmes, etc.; sala de vídeo com exibição de cenas de Rafael em filmes e novelas; sala de áudio, com execução de músicas do artista; estande de vendas com obras de autoria do homenageado e camisetas. Todas as noites, na sala de vídeo, serão exibidos filmes na íntegra e capítulos de novelas com atuação do homenageado.
A exposição tem apoio da Sec. Mun. de Educação de Caiçara, Vereadora Iara Lopes, Eletrolar Móveis, Banco do Brasil, Supermercado São Severino e Rivelino Material de Construção.
Não perca esta oportunidade de conhecer a vida e a obra desse grande artista paraibano. Um verdadeiro resgate desta impressionante biografia, a fim de que o mesmo tenha o devido reconhecimento e ocupe o lugar que lhe é devido entre os maiores artistas da Paraíba.

Agendamento de visitas coletivas: (83) 9175-6171.


 A crítica social e política era a principal marca de Rafael na poesia popular.
Folheto de autoria de Raimundo Santa Helena, com xilogravura de Ciro Fernandes, em homenagem ao inquieto Rafael de Carvalho.

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