terça-feira, 28 de agosto de 2018

Projeto Encontro com o Cordel encanta São Paulo


Braulio Tavares e Marco Haurélio



Socorro Lira e banda no show Meu interior urbano
Foram três dias de encantamento. O nosso projeto Encontro com o Cordel, abraçado pelo SESC 24 de Maio, teve grande presença de público e uma programação rica e variada. Recitais, shows, oficinas, bate-papos, mesas redondas, além da Feira de Cordel e Xilogravura, montada na área de convivência, apresentaram aos paulistanos as várias faces da Literatura de Cordel. Muita gente se reencontrou com os clássicos lidos ou ouvidos na infância e conheceu os novos artesãos e artesãs da poesia bárdica nordestina.
Assis Ângelo e Moreira de Acopiara
O espaço da Feira foi também um ambiente festivo, com muita conversa e interação entre os artistas e o público. Num 24 de agosto, dia de São Bartolomeu, Braulio Tavares, o multiartista que todos nós aprendemos a admirar, inaugurou o evento com uma palestra sobre o nosso homenageado, o poeta paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e as muitas faces da literatura de cordel e seu diálogo com outras artes e gêneros, incluindo a ficção científica. Depois, Sebastião Marinho e Luzivan Matias, repentistas paraibanos estabelecidos em São Paulo, encantaram o público com modalidades do repente, a exemplo das sextilhas, do "boi da cajarana", do martelo alagoano e encerraram com o tradicional coqueiro da Bahia. Em seguida, entraram em cena Assis Angelo e Moreira de Acopiara, em bate-papo que batizei como Baião de Dois, homenageando o Cego Aderaldo, morto há 50 anos, e discorrendo sobre o cordel e sua secular história.  
Luzivan Matias e Sebastião Marinho
Lucélia Borges e os Contos rimados
Socorro Lira, a premiada cantora e poeta paraibana de Brejo do Cruz, fechou o primeiro dia do evento com chave de ouro, cantando joias de seu cancioneiro e outras canções de nomes históricos como Zé do Norte, que ela homenageou no premiado disco Lua Bonita, de 2012. No dia seguinte, com a concorrida oficina de xilogravura do mestre J. Borges e de seu filho Pablo Borges, iniciou-se mais uma bela jornada. A atividade Cordel-Show foi aberta por Aldy Carvalho, acompanhado pelo violão de Tony Marshall, e teve Costa Senna, além de  Maércio e Júbilo Jacobino como músicos acompanhantes, no encerramento. A Biblioteca, no 4º andar, recebeu Lucélia Borges e seus "Contos Rimados".Quase ao mesmo tempo, Klévisson Viana e Jô Oliveira abordaram a influência do cordel nas histórias em quadrinhos e vice-versa. Tivemos ainda o popular teatro de bonecos de Pernambuco, o Mamulengo, com mestre Valdeck de Garanhuns e Trio Tropeiros da Serra.Fechando a noite, mestre Bule Bule mostrou o que é que o baiano tem, com seu repertório de chulas, cocos, cirandas e sambas de roda, além de uma linda homenagem a Leandro Gomes de Barros, em que cantou trechos da História do Boi Misterioso. No teatro, enquanto isso, ocorria o show do pernambucano Siba, que se repetiu no dia seguinte
Bule Bule em noite memorável 

Domingo, 26, ocorreu a segunda parte da oficina de xilogravura e, ao meio-dia, Inimar dos Reis e João Batista Cidrão, filho de Patativa do Assaré, emocionaram o público com o espetáculo Pelejas de um Cantador. 
Visivelmente emocionado, João declamou poemas de seu pai, hoje clássicos da poesia brasileira. As vozes femininas da literatura de cordel ecoaram forte com Izabel Nascimento e Salete Maria, provando que a poesia popular precisa discutir temas contemporâneos, como a presença e a afirmação das mulheres, além de temáticas que, geralmente, são deixadas de lado pelos cordelistas tradicionalistas, como os direitos das minorias e a inclusão cultural e social. E o dia foi mesmo das mulheres, pois, na Biblioteca, Cleusa Santo e Auritha Tabajara, com Contos, lendas e cordéis, encantaram o público, com uma afinação impressionante. No espaço da Ginástica, mestre Antonio Nóbrega, com sua domingueira, convidou o público a dançar ao som de emboladas, frevos e maracatus. Ao final, foi visitar o espaço da Convivência, onde foi montada a exposição. 


Izabel Nascimento e Salete Maria: Cordel em cena. 
Outros artistas que abrilhantaram o evento, como expositores, foram: Paulo Dantas, Samuel de Monteiro, Pablo Borges, Cacá Lopes, Pedro Monteiro, Tin Tin, Gina, esposa de Bule Bule, Regina Drozina, Varneci Nascimento, Chico Feitosa, Ronnaldo Andrade, Nireuda Longobardi e João Gomes de Sá. Contamos ainda com visitantes ilustres, a exemplo do cantor e compositor baiano Gereba, dos poetas Josué Gonçalves e João Paulo Resplandes, da pesquisadora francesa Solenne Deringond e da pesquisadora a cantora Mari Ananias. 

A todos os artistas e, especialmente a Luciana Tavares Dias, do SESC 24 de Maio, entusiasta de primeira hora, que acolheu a nossa ideia e ajudou a dar a ela o formato que, ao final, se mostrou exitoso, nossa eterna gratidão. Estendemos os  agradecimentos à Delahousse Produções, que nos deu o suporte necessário, e a toda a equipe do SESC, especialmente a Luci e Marco, nossos anjos da guarda. 

O cordel está vivo e, mais do que vivo, forte! 


Oficina com mestre J. Borges
Ditinho da Congada e Bule Bule
Na Biblioteca, ao final da contação de Cleusa e Auritha
Domingueira com Antonio Nóbrega


Cordel e quadrinhos com Jô Oliveira e Klévisson Viana

Costa Senna e o Cordel-Show
Entregando o selo da Ação do Coração, idealizado por Alexandre Camilo,
ao mestre J. Borges


Pedro Monteiro, Bule Bule, Klévisson Viana e Marco Haurélio
Antonio Nóbrega, Marco Haurélio e Bule Bule 

Alexandre Camilo e J. Borges


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