quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Arievaldo entrevista João Firmino


Por Arievaldo Viana

Corria o ano de 1954... Aos 14 anos, o garoto João Firmino Cabral saiu de sua pequena Itabaiana e foi para Aracaju, onde encontrou-se com o poeta Manoel D'Almeida Filho, que, na companhia de dois outros folheteiros, cantava e vendia seus romances na feira próxima ao mercado. Munido de um alto-falante e um microfone, Manoel D'Almeida encantava a todos com sua pose de galã e a sua voz cadenciada e vibrante. O menino, que já era fascinado pela poesia popular, ficou embevecido. Esqueceu de fazer as compras que a mãe havia lhe ordenado e passou o dia inteiro na companhia dos poetas. Quando se deu conta, já eram quatro e meia da tarde e o último (e único) trem para Itabaiana já havia partido.

João Firmino começou a chorar desoladamente e foi socorrido por Manoel D'Almeida, que lhe ofereceu dormida e um prato de sopa para o jantar. O menino falou de seu grande amor pela Literatura de Cordel e disse que gostaria de se tornar um revendedor de folhetos. Manoel D'Almeida, vendo o interesse do garoto, confiou-lhe uma maleta com trezentos folhetos (trinta títulos diferentes) e Firmino seguiu para a feira de Itabaiana. Nascia ali um grande folheteiro que viria a se tornar, dois anos depois, um dos maiores poetas populares dessa geração.

Tive a honra de entrevistar João Firmino Cabral, por ocasião da VIII Bienal Internacional do Livro do Ceará, onde colhi estas e outras histórias do velho poeta, que é um verdadeiro arquivo vivo, guardião das histórias dos poetas do passado. Fui auxiliado nessa tarefa pelo poeta e pesquisador Marco Haurelio. Em breve irei transcrever essa entrevista para aproveitá-la em minhas pesquisas.

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