Vida longa ao cordel, matéria assinada por Bruno Ribeiro, primeira página do caderno Cultura/Variedades, na edição do Correio Popular, desta terça, 22 de março de 2011. Leia a íntegra abaixo:
Literatura de cordel ganha fôlego com novo lançamento
Folclorista baiano Marco Haurélio - que mora em São Paulo - acaba de lançar a obra Meus Romances de Cordel, pela Global Editora
22/03/2011 - 16h58 . Atualizada em 22/03/2011 - 17h36
Bruno Ribeiro | Compartilhar |
Capa do mais recente livro de Marcos Haurélio, que é uma das principais referências da poesia popular nordestina
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
Para a maior parte dos críticos literários e especialistas em cultura popular brasileira, a literatura de cordel vem perdendo sua força desde meados do século 20, quando o País passou por uma rápida industrialização. Eles não deixam de ter razão. Afinal, que sentido teria a poesia oral com a chegada do rádio e do cinema? A quem interessariam os rústicos folhetos regionalistas diante do avanço da imprensa?
Seria um equívoco, porém, dizer que o cordel morreu. O livrinho artesanal de poesia naïf pode ter perdido a sua função de mídia em cidades antes isoladas, mas seguramente continua sendo uma das mais fortes representações culturais do Nordeste brasileiro e um verdadeiro símbolo da criatividade atribuída ao povo desta região.
O risco de extinção que ameaça certas manifestações artísticas regionais parece passar longe da literatura de cordel. E por uma razão muito simples: novos poetas estão sempre surgindo para tocar a tradição adiante. Um deles é o folclorista Marco Haurélio, de 37 anos, que acaba de lançar Meus Romances de Cordel (Global Editora, 192 págs., R$ 29,90).
Nascido em Ponta da Serra, na época município de Riacho de Santana, no sertão baiano, Marco Haurélio é hoje uma das principais referências da poesia popular nordestina. Em São Paulo, onde mora desde 1997, fundou a Caravana do Cordel — movimento ativo na cena paulista —, e intensificou a produção de folhetos, consumidos principalmente pela comunidade nordestina radicada na cidade.
Em sua nova obra, o autor resgata suas primeiras histórias escritas, muitas influenciadas pelo convívio com a avó paterna, dona de uma fabulosa memória. Ao todo são sete cordéis reunidos e publicados na íntegra. Os textos são acrescidos de xilogravuras do premiado ilustrador Luciano Tasso, responsável pela identidade visual do trabalho.
Meus Romances de Cordel celebra a profusão de tipos construídos pelo autor, incluindo desde os tradicionais heróis sertanejos marcados pela bravura até aqueles satirizados por sua ingenuidade. Para construir suas narrativas, Haurélio se inspirou tanto na leitura dos clássicos do gênero como em sua própria biografia de menino criado na caatinga.
Devido à sua intensa produção e sua distribuição limitada, é praticamente impossível acompanhar todos os recentes lançamentos da literatura de cordel, o que faz da coletânea de Marco Haurélio quase uma compilação de textos inéditos. Um dos melhores causos do livro é História de Belisfronte, o Filho do Pescador. “Era o meu conto popular favorito. Conheci-o narrado por minha avó. Escrevi uma versão em cordel, em 2005, mas perdi o manuscrito e reescrevi a mesma história, conservando algumas estrofes já decoradas”, explica o autor.
O risco de extinção que ameaça certas manifestações artísticas regionais parece passar longe da literatura de cordel. E por uma razão muito simples: novos poetas estão sempre surgindo para tocar a tradição adiante. Um deles é o folclorista Marco Haurélio, de 37 anos, que acaba de lançar Meus Romances de Cordel (Global Editora, 192 págs., R$ 29,90).
Nascido em Ponta da Serra, na época município de Riacho de Santana, no sertão baiano, Marco Haurélio é hoje uma das principais referências da poesia popular nordestina. Em São Paulo, onde mora desde 1997, fundou a Caravana do Cordel — movimento ativo na cena paulista —, e intensificou a produção de folhetos, consumidos principalmente pela comunidade nordestina radicada na cidade.
Em sua nova obra, o autor resgata suas primeiras histórias escritas, muitas influenciadas pelo convívio com a avó paterna, dona de uma fabulosa memória. Ao todo são sete cordéis reunidos e publicados na íntegra. Os textos são acrescidos de xilogravuras do premiado ilustrador Luciano Tasso, responsável pela identidade visual do trabalho.
Meus Romances de Cordel celebra a profusão de tipos construídos pelo autor, incluindo desde os tradicionais heróis sertanejos marcados pela bravura até aqueles satirizados por sua ingenuidade. Para construir suas narrativas, Haurélio se inspirou tanto na leitura dos clássicos do gênero como em sua própria biografia de menino criado na caatinga.
Devido à sua intensa produção e sua distribuição limitada, é praticamente impossível acompanhar todos os recentes lançamentos da literatura de cordel, o que faz da coletânea de Marco Haurélio quase uma compilação de textos inéditos. Um dos melhores causos do livro é História de Belisfronte, o Filho do Pescador. “Era o meu conto popular favorito. Conheci-o narrado por minha avó. Escrevi uma versão em cordel, em 2005, mas perdi o manuscrito e reescrevi a mesma história, conservando algumas estrofes já decoradas”, explica o autor.