Capa de autor desconhecido (ao menos para mim, que, ao chegar à Luzeiro, já a achei pronta) |
Capa de Klévisson Viana para a segunda edição do romance |
Gravura de Luciano Tasso para a obra Meus romances de cordel (Global ) |
Tenho, como muitos sabem, um carinho especial pelo romance O herói da Montanha Negra. O motivo: leia a nota introdutória ao romance publicada no livro Meus romances de cordel, São Paulo: Global, 2001, p. 24:
“O herói da Montanha Negra foi escrito em 1987. Foi o primeiro texto em cordel que escrevi e considerei publicável. Guardo, com muito carinho, os originais, que trazem alguns desenhos também meus. A inspiração? Mitos da Grécia Antiga, a HQ A Espada Selvagem de Conan e filmes do gênero sword and sorcery (“espada e bruxaria”). Em 1989, enviei o texto datilografado à editora Luzeiro, de São Paulo. Poucas semanas depois, recebi de volta o texto, acompanhado de uma carta do então diretor da editora, Arlindo Pinto de Souza, em que lamentava não poder publicá-lo devido à grande quantidade de originais no prelo. Em 2005, a convite de Gregório Nicoló, novo proprietário da Luzeiro, assumi o departamento editorial. No início de 2006, saiu a primeira edição do cordel, com capa em policromia. Em 2009, veio a segunda edição, com capa assinada por Klévisson Viana.”
E, ratificando o que eu disse, Vilma Mota Quintela, que assina a apresentação do livro (págs. 14-15), ressalta a presença de elementos que, direta ou indiretamente, remetem à mitologia greco-romana:
“Dentre as formas da cantoria, a sextilha, a mais usada na literatura de cordel, é também a forma privilegiada no romance. Como um seguidor declarado da escola de Leandro, Marco Haurélio dedica atenção especial a essa modalidade. No ponto em que se encontra a sua produção, pode‑se dizer que sobressai, no seu repertório, o romance de aventura e encantamento, um dos filões também muito explorados por poetas como Manoel D’ Almeida Filho, Severino Borges e Minelvino Francisco Silva, entre outros expoentes da escola tradicional. Quatro dos cinco romances aqui apresentados situam ‑se nessa categoria. No primeiro destes, O herói da Montanha Negra, o autor articula elementos remanescentes da narrativa de aventura medieval, do gênero capa e espada, com motivos do conto oral tradicional, enriquecendo a narrativa com referências à mitologia grega. O enredo traz a história de um jovem aventureiro que, munido apenas de sua espada, enfrenta diversos obstáculos, naturais e sobrenaturais, para resgatar a princesa enclausurada. No romance, os nomes Glauco e Climene, atribuídos ao herói e à princesa, remetem residual e casualmente à mitologia grega, já que o enredo traz a estrutura e os motivos narrativos característicos do conto fantástico ‑maravilhoso tradicional, com análogos em coleções eruditas portuguesas e brasileiras. A referência à mitologia grega, nesse caso, vem a enriquecer o enredo de aventuras, chegando este ao clímax em passagens como a da travessia do riacho Eterno pelo herói, que lembra a travessia do Aqueronte por heróis mitológicos como Hércules e Orfeu. No trecho a seguir Glauco derrota o mastim, associado, pelo narrador, ao cão Cérbero, guardião do Hades:
(...)
Naquela triste montanha
Nascia o riacho Eterno,
Que descia numa gruta
E desaguava no Inferno,
Com suas águas ferventes
Que percorriam o Averno.
Glauco se aproximou
Do rio amaldiçoado
E subiu na frágil ponte
Pra chegar do outro lado,
Ansioso pra enfrentar
O monstro endemoninhado.
Essa ponte o conduziu
A uma caverna escura –
Nela o moço penetrou
Através duma abertura,
Mas lá dentro o esperava
Uma estranha criatura.
Esse ser era um mastim
Com cauda de escorpião,
Escamas por todo o corpo
E as garras de leão,
Mais horroroso que Cérbero,
O tartáreo guardião.”
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Conheça, clicando aqui, o blog do meu novo livro livro, Contos e Fábulas do Brasil.
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