sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

FERRABRÁS DE ALEXANDRIA


 Xilogravura de 1497 (Roman de Fierabras le Géant).
O texto mais antigo a fazer menção a Ferrabrás de Alexandria, o gigante sarraceno que saqueia Roma, levando as relíquias sagradas do Cristianismo, é uma antiga canção de gesta francesa, Fierabras, composta no século XII (c. 1170), com 6.200 versos alexandrinos. Ferrabrás, que tem impressionantes 4,6 metros de altura, acampado na Espanha com o exército de seu pai, o emir Balan (Almirante Balão na tradução portuguesa), desafia os paladinos de Carlos Magno para um combate singular, mas apenas Olivier de Vienne (Oliveiros), ferido numa batalha e ainda convalescente, aceita o desafio. Carlos Magno havia invadido a Espanha para recuperar as relíquias.

A Historia del Emperador Carlos Magno y de los Doce Pares de Francia, de Nicolás de Piamonte, escrita entre 1521 e 1525, conservou os episódios da batalha com Oliveiros, derrota e conversão ao cristianismo de Ferrabrás. Jerônimo Moreira de Carvalho, físico-mor do Algarve, traduziu esta obra para o português, sob o título História de Carlos Magno e dos Doze Pares de França, publicada em Lisboa, em 1728, com incontáveis reimpressões. Este livro, de capital importância para a cultura popular brasileira, inspiradora das cavalhadas dramáticas, é uma espécie de síntese de toda a matéria carolíngia. Serviu de base também para dois romances de cordel, compostos em décimas setissílabas, A Batalha de Oliveiros com Ferrabrás e A Prisão de Oliveiros, do grande poeta Leandro Gomes de Barros.

Data de 1823 a ópera Fierrabras, de Franz Schubert, baseada em contos sobre a conversão do gigante sarraceno ao cristianismo.



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