O texto mais antigo a fazer menção a
Ferrabrás de Alexandria, o gigante sarraceno que saqueia Roma, levando as
relíquias sagradas do Cristianismo, é uma antiga canção de gesta francesa, Fierabras, composta no século XII (c.
1170), com 6.200 versos alexandrinos. Ferrabrás, que tem impressionantes 4,6
metros de altura, acampado na Espanha com o exército de seu pai, o emir Balan
(Almirante Balão na tradução portuguesa), desafia os paladinos de Carlos Magno
para um combate singular, mas apenas Olivier de Vienne (Oliveiros), ferido numa
batalha e ainda convalescente, aceita o desafio. Carlos Magno havia invadido a
Espanha para recuperar as relíquias.
A Historia
del Emperador Carlos Magno y de los Doce Pares de Francia, de Nicolás de
Piamonte, escrita entre 1521 e 1525, conservou os episódios da batalha com
Oliveiros, derrota e conversão ao cristianismo de Ferrabrás. Jerônimo Moreira
de Carvalho, físico-mor do Algarve, traduziu esta obra para o português, sob o
título História de Carlos Magno e dos
Doze Pares de França, publicada em Lisboa, em 1728, com incontáveis
reimpressões. Este livro, de capital importância para a cultura popular
brasileira, inspiradora das cavalhadas dramáticas, é uma espécie de síntese de
toda a matéria carolíngia. Serviu de base também para dois romances de cordel,
compostos em décimas setissílabas, A
Batalha de Oliveiros com Ferrabrás e A
Prisão de Oliveiros, do grande poeta Leandro Gomes de Barros.
Data de 1823 a ópera Fierrabras, de
Franz Schubert, baseada em contos sobre a conversão do gigante sarraceno ao
cristianismo.
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