quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cordel na Cortez começa dia 23



O tradicional Cordel na Cortez, que chega à sua sétima edição, começa dia 23 de agosto e vai até o dia 28.
Sob coordenação do poeta Moreira de Acopiara, ocorrerão palestras, oficinas, recitais, contação de histórias, entre outras atividades, mostrando o vigor do cordel em São Paulo.


Abaixo texto de divulgação:

VII CORDEL NA CORTEZ
de 23 a 28 de agosto de 2010

A Cultura abre caminho,
E a gente estuda. Pois sim!
De Lindolfo a Todorov,
Até Walter Benjamim,
Pensadores de primeira...
Eita, riqueza sem fim!

Falando em literatura
Temos uma dupla forte:
Ednilson e o seu Cortez,
Do Rio Grande do Norte,
Terra de Câmara Cascudo.
Mas que Estado de sorte!

A Livraria Cortez
Quer fazer o povo ler.
Somando isso com história
Fica mais fácil entender.
É como juntar a fome
E a vontade de comer.

Pois veja só: a Cortez,
Que valoriza o cordel,
Entra nessa parceria
E permanece fiel,
Levando história pra rua,
Cumprindo um belo papel.

Pode ser história de
Fazer sorrir ou chorar.
Importante é entender,
Nesse mundo mergulhar,
Depois ir onde quiser,
E sem sair do lugar.


Juntando a fome com a vontade de comer – Artistas e Cortez - Toni Assis


Sendo uma das pioneiras no movimento de levar a literatura de cordel para as mais diversas livrarias, a Cortez promove a 7ª. edição do tradicional "Cordel na Cortez". Um presente para você que ama este gênero literário e nele descobre a voz de um povo que não perdeu a capacidade de se emocionar. Serão horas de encantamento em que você estará em contato com poetas, repentistas, xilógrafos, cantadores, e palestrantes que traduzem, em seu lirismo e oratória, a voz da cultura popular.

OBJETIVO:

Idealizado por Gilmar de Carvalho, professor da Universidade Federal do Ceará e doutor em comunicação e semiótica pela PUC-SP, o principal objetivo do CORDEL NA CORTEZ é o de promover e dar maior visibilidade a literatura de cordel, gênero literário genuinamente brasileiro, que passou para o impresso em forma de folhetos, no final do século XIX.
Estaremos também oferecendo comidas e bebidas típicas do sertão nordestino, além da exposição e venda de clássicos de autores consagrados desta literatura como Marco Haurélio, Moreira de Acopiara,J. Borges, João Gomes de Sá, Varneci Nascimento, Manoel Monteiro, Abraão Batista, Klevisson Viana, César Obeid entre outros renomados estudiosos no assunto.

Clique AQUI para ler a íntegra.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lançamento: Breve História da Literatura de Cordel



A editora Claridade lançará, ainda em agosto, Breve História da Literatura de Cordel (112p., R$ 17,00), que integra a coleção Saber de Tudo. Escrito por mim, o livro reúne informações históricas e ensaios que, espero, sejam úteis para os que se aventurarem pelo universo fascinante da poesia do povo, do qual faço parte desde sempre.

Breve História da Literatura de Cordel refaz o percurso do mais conhecido ramo da poesia popular brasileira, desde o sertão da Paraíba, onde nasceu Leandro Gomes de Barros (1865-1918), maior expoente do gênero.

O livro traz, ainda, um capítulo sobre a presença do pícaro no romanceiro nordestino — reaproveitado na peça de Ariano Suassuna, Auto da Compadecida —, investiga a origem deste gênero literário, traça perfis de autores, editores e ilustradores e analisa as relações do Nordeste com o imaginário medieval.

A ilustração da capa é do mestre Jô Oliveira. Contribuíram, também, com leituras, sugestões e informações os amigos Aderaldo Luciano, Klévisson Viana, Rouxinol do Rinaré, Arievaldo Viana, Gregório Nicoló, Pedro Monteiro, José Honório, José Paulo Ribeiro e Varneci Nascimento.

Recebam, todos, agora, um “obrigado” coletivo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Flip e a cultura do espetáculo


Diferentes momentos da Caravana do Cordel demonstram que, sem a grana da Flip, é possível fazer história

Saiu na Carta Capital:

A FLIP consagra a cultura do espetáculo
Opera Mundi

9 de agosto de 2010 às 10:49h

Por Breno Altman

A Festa Literária Internacional de Paraty, que realiza sua oitava edição entre 4 e 8 de agosto, transformou-se em acontecimento marcante da vida cultural brasileira. Considerada um dos principais festivais mundiais do gênero, atrai milhares de participantes, atenção da imprensa e convidados ilustres. Nas devidas proporções, é um pequeno Woodstock das letras, que anualmente toma de assalto a aprazível cidade fluminense.

Apesar dos perrengues, pois a infraestrutura do município-sede costuma sucumbir ao excesso de visitantes, a diversão é garantida. Quem gosta de livros e ideias tem a chance de conviver com uma penca de bons autores e usufruir de opiniões sobre os mais diversos assuntos. Não é todo dia, afinal, que intelectuais renomados descem à planície e transitam entre o distinto público.

Mas há outras abordagens possíveis sobre a FLIP, além do entretenimento. Uma delas, quase irresistível, é comparar atividades nas quais essa intelectualidade antes se envolvia com seu papel atual, na era do avassalador predomínio da indústria cultural. A acareação talvez seja ilustrativa da reviravolta de sua função social após a crise dos projetos-mundo, no poente da Guerra Fria.

Escritores e artistas normalmente se reuniam, até então, para se posicionar diante de situações que alarmavam a sociedade e afetavam o mundo da cultura. Suas ferramentas eram congressos, simpósios e conferências que articulavam os intelectuais como agente coletivo. Os produtos dessas iniciativas – resoluções, manifestos ou declarações – buscavam a comunicação com outros setores sociais. O objetivo era utilizar talento e prestígio para construir vontades públicas.

Os exemplos brasileiros mais conhecidos, nesta lógica, foram o I Congresso Brasileiro de Escritores (1945) e as diversas reuniões da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência durante os anos 70. Mas são inúmeros os eventos que, durante décadas, expressavam o esforço autônomo da intelectualidade para forjar conexões com a sociedade, vertebrados por entidades representativas.

Marketing como ciência

Mesmo movimentos de ordem estética, como a Semana de Arte Moderna (1922), cuja estrutura era semelhante a um festival, faziam parte do reposicionamento político-cultural e procuravam um discurso criativo que se fundisse a determinados programas de país. Esse também foi o caso dos Centros Populares de Cultura, do Cinema Novo e do Tropicalismo, para falarmos de outras experiências notórias.

A intelectualidade e os artistas eram, como hoje, produtores de bens culturais, inseridos no mercado e concentrados em conseguir o ganha-pão através da comercialização de suas obras. Mas a esfera de cidadania, política ou estética, era razoavelmente protegida contra o assédio das razões mercantis, graças a uma rede de instituições estatais, partidárias e associativas que respaldava a cultura orgânica.

No entanto, o predomínio das ideias liberais, chancelado com o colapso do socialismo no Leste Europeu, foi limando essa blindagem e criando as condições para que o mercado estendesse seus tentáculos sobre espaços outrora salvaguardados. Apenas deveriam sobreviver criações que pudessem ser transformadas em mercadoria rentável, submetidas à lógica do espetáculo e regidas pelas normas do marketing, a principal ciência social dos novos tempos.

Darwinismo cultural

Ainda que diversas organizações, ligadas à arte e à ciência, continuem a promover encontros relevantes, essas realizações são cada vez menos divulgadas pela imprensa. O jornalismo cultural, aos poucos, também terminou capturado pelos interesses empresariais, que demandam aval midiático para acelerar a rotação de seus estoques.

O ímpeto dessa mudança mergulhou artistas e intelectuais em uma espécie de darwinismo cultural, marcado pelo medo de sucumbir em um ambiente no qual somente os escolhidos pelo mercado poderiam sobreviver. A competição e o individualismo derivados desse temor acomodatício acabaram por minar formas coletivas de organização e a própria integração da intelectualidade ao processo histórico.

Assim chegamos à FLIP. No lugar de entidades do ramo, o comando cabe a uma organização não-governamental alimentada com recursos de editoras e seus patrocinadores. Os escritores, de protagonistas, viraram atração. Cada autor ou cada patota em seu quadrado, opiniões e inspirações são exibidas à assistência, e acaba por aí a sinergia com os plebeus.

Casamata do liberalismo

Tudo é bem pensado. Não há estandes emporcalhando as ruas de Paraty. O festival é como um showroom a céu aberto: os produtores e suas obras podem ser vistos, ouvidos e tocados, mas não comprados. O mercado toma conta da cultura, porém preserva seu verniz de forma elegante, de tal sorte que os diletos visitantes não se sintam consumidores, mas personagens.

O simbólico dessa edição da FLIP talvez esteja no convite a Fernando Henrique Cardoso para fazer a palestra de abertura. Um dos maiores intelectuais da história brasileira, antigo cardeal do pensamento crítico, havia antes se convertido em presidente da República para fazer reformas pleiteadas por forças de mercado. Na feira de Paraty, colocou sua biografia e inteligência a serviço da indústria cultural.

O país vive mudanças econômicas, sociais e até políticas de relevância. A duras penas, a soberania pública tenta recuperar o terreno perdido ao espaço privado nos anos 90. Mas o mundo da cultura, cujo centro de gravidade deslocou-se para o eixo formado por empresas e mídia, aparece ironicamente como casamata de um liberalismo agonizante. Ainda que, nas calçadas paratienses, esse conservadorismo moderno transborde de charme, beleza e erudição.

Bienal do Livro?

John Boyne, Azar Nafisi, Benjamin Moser, Beth Goulart, Thalita Rebouças, Ziraldo, Maurício de Sousa, Rubem Alves, Regina Duarte, Paulo Goulart, Nívea Stelmann, Zeca Camargo, Sérgio Marone, Carmo de la Vecchia, Maurren Maggi, Juca Kfouri, Gustavo Borges, Caco Barcellos, Serginho Groisman, Lobão, Claude Troisgrois, Allan Vila Espejo, Chakall, Francisco Lellis, André Boccato, Carla Pernambuco, Marcelo Katisuki e muitos outros já confirmaram presença para este grande evento.



http://www.bienaldolivrosp.com.br/A-Bienal/

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Editora Conhecimento, do Ceará, lança As Babuchas de Abu Kasem (cordel infantil)

Página interna de As Babuchas de Abu Kasem



A clássica história das Mil e Uma Noites, As Babuchas de Abu Kasem, adaptada por mim e lançada no formato folheto pela Tupynanquim, ganha, agora, uma nova edição. Desta vez, as desventuras do avarento Abu Kasem reaparecem como livro infantil, com belíssimas ilustrações de Rafael Limaverde.





Abaixo, a introdução do Abu Kasem

Eu vou contar uma história
Para velhos e meninos,
Que chegou ao nosso tempo
Através dos peregrinos,
Dos guerreiros do Islã,
Pastores e beduínos.

O cenário deste conto
É a velha Bagdá,
A portentosa cidade
Dos seguidores de Allah.
Que o poeta em seu verso
Pra sempre celebrará..

Em Bagdá residia
O sovina Abu Kasem,
Um mercador poderoso,
Mais rico que Pedro Cem.
E em toda vida jamais
Deu uma esmola a ninguém.

Nas ruas por onde andava,
Sempre escutava pilhéria,
Pois as suas vestes eram
O retrato da miséria,
Mas encarava os gracejos
Com expressão sempre séria.

As babuchas que calçava
Estavam tão remendadas,
Que, por onde ele passasse,
Escutava as caçoadas.
Mas cerrava os seus ouvidos
A todas as gargalhadas.

Babucha é uma chinela
De origem oriental.
Até Camões a descreve
Em sua obra colossal,
Mas nesse conto fantástico
Ela é o emblema do mal.

Mas, voltemos a falar
No famoso personagem,
Rico entre os potentados,
Com sua soberba imagem,
Sem perceber que o tesouro
Não passa duma miragem.

(...)



O lançamento será sábado, 14 de agosto, às 17:30, na Biblioteca Belmonte, durante a atividade da Caravana do Cordel.

Endereço:
Rua Paulo Eiró, 525
Santo Amaro - 04752-010
Tel: 11 5687-0408 e 11 5691-0433
Coordenadora: Andrea Regis de Oliveira

A imagem diz tudo



Os Sofrimentos de Alzira, de Leandro Gomes de Barros, clássica história dramática.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Varneci Nascimento lança mais cordéis infantis



No dia 7 de Agosto, membros da Caravana do Cordel, professores, estudantes e admiradores da poesia popular, estarão prestigiando o poeta popular Varneci Nascimento, que lançará na Livraria da Vila, da Fradique Coutinho, 915, dois títulos de sua lavra.

São duas adaptações para o cordel de clássicos da literatura infantil: O pequeno Polegar (de Charles Perrault) e Branca de Neve (dos Irmãos Grimm) são a aposta da editora Panda Books. Os títulos abrem a coleção Contos em Cordel.

Varneci é autor, também, de uma versão de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, para o cordel (Nova Alexandria). Além de quase duas centenas de folhetos, que aos poucos estão vindo à tona.

Fica o registro.

E o convite está feito.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Meu encontro com o Cordel

Eu sempre costumo dizer que sou um privilegiado, por ter nascido em plena Idade Média. Antes que alguém ligue pra o sanatório, explico: vim ao mundo num lugarejo chamado Ponta da Serra, no pé da Serra Geral, a uns sete quilômetros de Igaporã, sertão carrascoso da Bahia. Lá, presenciei reisados, queimas de Judas e os cantadores das estradas, sem viola e sem pompa. Estava com tanta pressa, que nem esperei a chegada da parteira.

Raridades do acervo da família: folhetos de Rodolfo Coelho Cavalcante, 
Minelvino Francisco Silva e Laurindo Gomes Maciel e uma versão manuscrita de
 Zezinho e Mariquinha do início do século passado
Ao lado da casa de meu pai ficava a da minha avó, Luzia Josefina de Farias, uma das pessoas mais inteligentes que conheci, espécie de porta-voz de civilizações há muito defuntas Ela cantava os velhos romances ibéricos e narrava histórias de Trancoso, que eu, passados tantos anos, aos poucos, vou adaptando para o cordel. Um exemplo é A História de Belisfronte, o Filho do Pescador, publicada pela Luzeiro, que integra, também, o livro Contos folclóricos brasileiros (Paulus, 2010).

Capa estilo Luzeiro, com página final com acróstico, do romance O Soldado
Traidor
, que escrevi aos sete anos de idade.



Lembro-me ainda de ouvi-la declamando a História da princesa Rosa, de Silvino Pirauá de Lima, que sabia de cor. Aprendi a ler com seis anos; então, nas noites iluminadas por candeeiros movidos a querosene, eu buscava nas gavetas de Dona Luzia as histórias de cordel que tanto me auxiliaram na decifração do código escrito. Além de alguns folhetos publicados em tipografias baianas, de autoria de Minelvino Francisco Silva e Rodolfo Coelho Cavalcante, chamavam minha atenção os de formato maior, coloridos, como João Soldado e Dimas e Madalena. Foi este o meu primeiro contato com a editora Luzeiro, responsável pela tal inovação, que, só muito mais tarde, descobri que havia sido execrada pelos puristas, justamente por fazer sucesso junto às classes ditas marginalizadas das quais os sacerdotes da razão se julgam representantes.

Juvenal e o dragão, de Leandro Gomes de Barros, era a história mais atraente, pelo menos àquela época. Achava soberbo também O verdadeiro romance do herói João de Calais, de Severino Borges Silva. O assassino da honra ou a louca do jardim, de Caetano Cosme Silva, era outro romance lido e relido por mim e pela família. Minha avó deixou este mundo em 1982, quando eu tinha sete anos, e já morava em Igaporã, ou na “rua”, como costumávamos chamar a cidade. Há um ano estudava e já havia escrito alguns romances de cordel, obviamente impublicáveis.

Manuscrito original do romance O herói da Montanha Negra (1987). 
Aos 13 anos pensei ter atingido a maturidade literária. Data desta época, 1987, o cordel O herói da Montanha Negra, o qual, ousadamente, enviei para a Luzeiro, dois anos depois, já trabalhando no Banco do Brasil, onde exercia a função de menor-aprendiz. Duas semanas depois, a editora devolveu os originais, sob a alegação de que havia muitos títulos a serem lançados, já negociados com os autores. Na verdade, a minha história primava pela ousadia, fusão de linguagem de HQ sword and sorcery com mitologia grega de filme em stop-motion – e pelas situações incomuns, nunca vistas numa história de encantamento.

Uma amostra:

Leia esta história, leitor,
Até o último momento. 
Veja os fatos mitológicos  
Num mundo de encantamento,  
Onde a Magia é descrita
Muito além do pensamento. 


Onde guerreiros valentes,  
Destros e admiráveis  
Mostram valor enfrentando 
Criaturas miseráveis,  
Partindo em busca do amor
E façanhas memoráveis. 


Onde os gestos mais nobres 
Se confundem com a loucura, 
Em uma época imprecisa  
Passou-se esta aventura 
Que valoriza a coragem  
E enobrece a bravura.

Em 1993, instado por um padre de uma congregação gaúcha, a FAP (Fraternidade Apostólica da Palavra), escrevi um anticordel, Até Onde Nós Iremos?, que continha o poema Nordeste, terra de bravos. Nesta época meus pais já haviam se fixado em Serra do Ramalho, também na Bahia, onde vivem até hoje.

Em 1997, morando em São Paulo, entrei em contato com o poeta popular Costa Senna, que havia escrito alguns cordéis sobre Raul Seixas. Com Senna escrevi Um Tributo a Jesus, lançado de forma independente, em 1999. Este cordel foi reeditado no formato livro, num texto lamentavelmente estropiado, pela Editora Olho D’água, de São Paulo, em 2002. No mesmo ano eu lancei o estudo crítico Raul Seixas: Dez Mil Anos à Frente, escrito quatro anos antes, que trazia como apêndice quatro cordéis enfocando a obra do cantor e compositor baiano.

Por esta época, já readaptado à velha Bahia, estava cursando em Caetité, terra natal de Anísio Teixeira, o terceiro semestre de Letras Vernáculas. Antes de terminar o curso, retornando a São Paulo, resolvi peregrinar pelos sebos desta cidade em busca de livros que abordassem tanto a literatura de cordel quanto o conto popular. Acabei me esbarrando com a Editora Luzeiro, já dirigida por Gregório Nicoló. Conversa vai, conversa vem, ele acabou me convidando para trabalhar na revisão e seleção dos textos de cordel editados pela casa. Não deixa de ser curiosa minha trajetória no cordel, pois, durante um período relativamente longo, eu me dediquei a outros estudos – que incluíam de filosofia a astronomia, passando pelo cinema –, sem muita perspectiva de sucesso como poeta de bancada.

Hoje, com vários títulos lançados pela Luzeiro, alguns pela Tupynanquim de Fortaleza, e milhares de exemplares vendidos, além dos livros infantis e juvenis em cordel, ainda não me entreguei ao cansaço. Atualmente, na coordenação da coleção Clássicos em Cordel, da editora Nova Alexandria, acredito que parte de minha missão está concretizada.

Errando muito, mas teimosamente insistindo, vou lançando minha semente nas sendas em que transito. Acreditando na cultura popular como sinônimo de resistência e no cordel como manifesto dessa cultura que não entrega os pontos, porquanto filha da terra e dos valores a ela inerentes, vou espargindo sonhos, pois estes, ao contrário das pessoas, não envelhecem.

Ponta da Serra. Ao fundo, a casa onde nasci, e mais ao fundo, a mítica Serra Geral

domingo, 20 de junho de 2010

o canto que brota da terra



Aldy Carvalho é um grande artista brasileiro que merece ser conhecido.

O sítio Festivais do Brasil traz um resumo interessante da carreira deste cantador extraordinário.


Cantor, compositor, poeta e violonista, beradeiro do Sertão (Petrolina -PE), das barrancas do Rio São Francisco.

"Tive os primeiros contatos com a música através do de meu pai, João Joaquim de Carvalho, compositor, que me despertou o gosto pelo universo popular: a prosa, a poesia, a música e o teatro. Informações importantes na minha formação e posterior influência na criação do meu trabalho de compositor e cantor, povoado de xotes, baiões, toadas, martelos, emboladas, modinhas, sagas e fábulas. Um ajuntado de cantigas e imagens, o lirismo do Sertão, das léguas que andei"

Aldy Carvalho mescla e condensa, de maneira particular, o seu universo de origem, o nordeste. A paisagem nordestina em canções não estereotipadas, resulta um interessante diálogo entre o Sertão, que mistura as mazelas euclidianas, o colorido sonoro de Guimarães Rosa, a alegria farsesca de Ariano Suassuna e o meio urbano, cujo eixo é a temática universalisante de Manuel Bandeira.

Neste contexto, apresenta seu trabalho. "Buscando resgatar os nossos valores culturais releio trabalhos de compositores como Vital Farias, Elomar Figueira Melo e Geraldo Azevedo."

Aldy estudou canto, técnica vocal e leitura rítmica com a prof. Regina de Bôer (SP) e Violão, erudito e popular com o professor e amigo, Luis Carlos dos Santos: violonista, concertista, compositor, arranjador e cantor.

Residindo em São Paulo, Aldy tem divulgado seu trabalho em:

Casas de Cultura; Centros culturais como Centro Cultural SP; Biblioteca Mário de Andrade; Anfiteatro da Universidade de São Paulo; Projeto FUNARTE –SP (Sala Guiomar Novaes); Projeto FUNDARPE –PE; Teatro de Santa Isabel em Recife PE; São João em Petrolina – PE dentre outros. Programas de rádios e TVs, tais como: Som Brasil(TV Globo); Viola Minha Viola (TV Cultura); Empório Brasileiro (SBT); Sergio Reis e Luiz Vieira(TV Bandeirantes); Tão Brasil (All TV -TV via Internet); Espaços alternativos, anfiteatros de faculdades, comunidades de bairro; Projeto FUNARTE -SP, gravado pela TV Cultura -SP e exibido em toda rede de TVs educativas do Brasil além de várias apresentações pelo Nordeste e interior paulista, além de participar de festivais pelo Brasil.

Tem um CD gravado "REDEMOINHO", com arranjos de Vicente de Paula Salvia (Viché) e participações especiais de Dominguinhos do Acordeon, do violoncelista Kubala, do flautista Toninho Carrasqueira, do percussionista Papete, do percussionista e parceiro Nildo Freitas, dentre outros. Músicas gravadas pelos cantores Déo Lopes, Maciel Melo, Humberto Barbosa, Marisa Serrano e participação especial no CD Espelho D'água de Décio Marques e parcerias com o cantor Humberto Barbosa e com o multiartista, Valdeck de Garanhuns.

Recebeu elogiosas críticas da imprensa paulista e de outras regiões do país. ( "... É um trabalho diferente do chamado forró, quase sempre vulgar e barulhento demais. Seu canto é sereno, sua voz é limpa, bonita, melodiosa, agradável..."Dirceu Soares-Jornal da Tarde-SP).

"... Sua voz tem timbre original. Seus versos são inspirados, seu jeito natural... é hora de se falar direto ao coração, os bons poetas sabem disso." (Júlio Lerner - Jornalista, produtor e apresentador de programas de rádio e TV de São Paulo)

“Uma das coisas lamentáveis no mundo artístico é que artistas de valor, que fazem os maiores sacrifícios para chegarem ao disco, tenham seus trabalhos esquecidos na batalha da divulgação.Aldy Carvalho é autor de todas as faixas... Todos são temas bem brasileiros das coisas simples que coloca numa forma enternecedora dentro de arranjos perfeitos para a excelente formação que arregimentou,” ( Aramis Millarch – Jornal Estado do Paraná).

SEGUNDA EDIÇÃO DO ACORDA CORDEL



A segunda edição do livro Acorda Cordel na Sala de Aula, organizada pelo poeta e estudioso do tema, Arievaldo Viana, acaba de ser lançada. Principal obra de referência sobre o tema, o livro chega num ótimo momento para a nossa poesia popular. A arte da caixa de folhetos e da capa é do consagrado ilustrador Jô Oliveira.

Abaixo o post do fotolog Acorda Cordel:

Até que enfim! Depois de uma longa gestação, saiu a tão esperada segunda edição do livro ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA, de Arievaldo Viana.

A nova edição, revista e ampliada, traz um capítulo especial - Como fazer um folheto de cordel em classe, passo a passo.

Preço especial para revendedores. Interessados em adquirir o livro ou o KIT COMPLETO (Livro, CD e Caixa de Folhetos) devem entrar em contato conosco pelo e-mail acordacordel@hotmail.com