terça-feira, 13 de março de 2018

Festa do Cordel no Memorial da América Latina


Banda de Pífanos “Fulô da Chica Boa” é uma das novidades desse ano
O cordel, manifestação popular presente em várias vertentes da cultura brasileira – está na literatura, nos quadrinhos, no cinema e na música – faz sua festa anual no Memorial da América Latina com vasta programação que será aberta ao público no dia 17 de março e traz como grande atração a Banda de Pífanos “Fulô da Chica Boa”, de Maceió.
A Feira do Cordel e da Cultura Popular tem agenda diária até o sábado seguinte, 24, na Biblioteca Latino-Americana, onde também haverá exposição com as mais recentes publicações de cordel na área editorial. A exposição fica aberta ao público até o dia 1º de abril.
Seguindo o mesmo padrão de organização desde que foi realizado pela primeira vez no Memorial, o evento abrange o que há de mais expressivo das tendências e linguagens do cordel, adaptando-as para o contexto atual da realidade brasileira.
A programação contempla atrações e atividades para iniciados ou simplesmente interessados pela narrativa do cordel em todas as suas imersões pela cultura popular oral, escrita e visual. Assim, as temáticas estão presentes nos saraus litero-musicais, na contação de histórias e causos, apresentações teatrais, no desafio de repentistas, na exposição de xilogravura e em palestras que atualizam o panorama do mercado editorial, a projeção do cordel nos meios coletivos de comunicação, sua influência nas áreas de educação, ambiental e sua utilização na era digital.
Confira, agende o passeio, traga a família e participe. É tudo de graça.
Programação

  • Dia 17 (sábado)
  • 17h – Abertura com a banda “Fulô da Chica Boa” (Maceió/AL)
  • 19h – Violeiro “Aldy  Carvalho” (Petrolina/PE)
  • 21h – Contador de causos “Eufra Modesto” (BA)
  • Dia 18 (domingo)
  • 10h – “A Arte de Jorge Mello” – cantor, músico, ator e memorialista
  • 11h – Lançamento do Cordel “Bandinha Fulô da Chica Boa”, de João Gomes de Sá, com a presença da Banda Pífanos “Fulô da Chica Boa”
  • 14h – Grupo “Máscaras de Teatro e Dança” (Guaranésia/MG)
  • 16h – Banda “DonaZé” (Guaranésia/MG)
  • Dia 20 (terça-feira)
  • 15h – Lançamento de Cordéis do poeta João Paulo Resplandes (Caiçara/MA)
  • Dia 21 (quarta-feira)
  • 14h – Palestra “Mulheres Cordelistas”, com Maria Psoa (Natal/RN)
  • Dia 22 (quinta-feira)
  • 10h – Lançamento de Cordéis
  • 14h – Palestra “O Cordel na Escola”, com Varneci Nascimento, Pedro Monteiro e João Gomes de Sá
  • 16h – “A Arte de Ibys Maceioh” – músico e compositor
  • Dia 23 (sexta-feira)
  • 15h – Lançamento do Cordel “O Velho Mágico e o Gato na Cartola”, de Cleusa Santo (cordelista e contadora de história)
  • Dia 24 (sábado)
  • 11h – Encontro com a poeta Socorro Lira (PB)
  • 13h – Lançamento de Cordéis
  • 14h – Oficina “A Técnica da Xilogravura”, com Nireuda Longobardi e Lucélia Borges
  • 17h – Palestra “O Cordel na Cena Cultura Brasileira”, com Marco Haurélio (BA)
  • 19h – Show de encerramento com a banda “Cuca Monga” (SP)

  • Exposição de Cordéis
  • Abertura: 17 de março, às 10h
  • Em cartaz até 1º de abril de 2018
  • Visitações: todos os dias, das 9h às 18h
  • Entrada gratuita
  • Classificação livre

 Serviço
Feira do Cordel e da Cultura Popular

Data: De 17 a 24 de março de 2018
Local: Memorial da América Latina  – Biblioteca Latino-Americana
Endereço: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda
Acesso: Portões 1 e 5 (Praça Cívica)
Entrada Gratuita


O REINO DA PEDRA FINA e a HISTÓRIA DA PRINCESA DA PEDRA FINA

Acervo da Casa de Rui Barbosa. 


Pouca gente, mesmo no meio do cordel, conhece estes versos, de Leandro Gomes de Barros:

É esta a real história
Do Reino da Pedra Fina,
Do moço Moysaniel 
E da princesa Angeltrina,
Filha do reino encantado
Da tenebrosa colina.

Havia um grande país
De nação civilizada,
Aonde tinha uma serra
De grandes pedras formada.
Diziam que lá havia
Uma princesa encantada.

A serra era muito alta,
Tinha uma grande colina.
Da serra descia um rio
D’água muito cristalina.
Via-se escrito nas águas:
PRINCESA DA PEDRA FINA. 

NOTAS
1. Circula por aí, ainda hoje, atribuída erroneamente a Leandro Gomes de Barros, a versão mais conhecida dessa história que tem por base um conto maravilhoso. O romance iniciado com estes versos “No reino da Pedra Fina/ Havia uma princesa/ Misteriosa, encantada/ Por obra da natureza,/ Com ela as duas irmãs/ Que eram a flor da beleza.", aqui representada por uma antiga edição da Guajarina, de Belém (PA), nunca foi de Leandro, como dá a entender o famoso rapsodo nos dois primeiros versos acima reproduzidos: “É esta a REAL história/ Do Reino da Pedra Fina (....)”. A versão em que o protagonista é chamado José e o antagonista é um barbeiro, sombra do herói, nas antigas edições, jamais teve, que se saiba, um autor identificado. 
2. O saudoso cordelista João Firmino Cabral (1940-2016) me disse, em conversa informal, que, quando criança, ouvia  dos mais velhos a afirmação de que se tratava de um dos mais antigos romances de Silvino Pirauá. 
3. Na década de 1970, as filhas de José Bernardo da Silva passaram a publicá-la em nome de Leandro, incorrendo num erro que, desde então, vem sendo repisado. 
4. A editora Prelúdio de São Paulo publicou, na década de 1950, uma variante de Manoel Pereira Sobrinho, amparada na versão de Leandro. Por engano, a capa desta edição foi reutilizada, no início dos anos 2000 na versão mais conhecida, aumentando ainda mais a confusão.