Chega em boa hora meu novo livro, A saga de Beowulf (da editora Aquariana), mais uma parceria com o ilustrador Luciano Tasso, com quem trabalhei em Meus romances de cordel (Global) e Os 12 trabalhos de Hércules (Cortez). Composto em sextilhas, a presente obra inaugura a coleção Mitos em Cordel.
Abaixo, um trecho da apresentação:
Escrito na Inglaterra, entre os séculos VIII e XI, o
poema épico Beowulf é muito mais do
que a rememoração dos feitos lendários de um herói escandinavo, cujas façanhas,
ampliadas pela imaginação, mereceram a imortalidade. A obra é composta por
3.182 versos aliterativos, sem rimas, em Old
English (inglês antigo). O único manuscrito que sobreviveu até os dias
atuais data do início do século XI. Conhecido também como Cotton Vitelius A. XV, é a reunião de dois códices (manuscritos): Southwick Codex e Nowell Codex. Neste último, cujo nome deriva de seu proprietário à
época, Lawrence Nowell, é contada a história de Beowulf. O manuscrito quase
sempre era lembrado pelos historiadores e linguistas, até que J.R.R. Tolkien,
criador da saga O Senhor dos Anéis,
no ensaio Beowulf: the Monsters and the
Critics, chamou a atenção para o seu valor literário, numa abordagem
inovadora.
De autor desconhecido, o poema narra os grandes
feitos de Beowulf, herói dos godos (ou getas), povo que habitava a Gotlândia,
região localizada no sul da Suécia. Apesar de situar-se na Escandinávia ainda
impregnada pelas tradições pagãs, há, na obra, algumas referências à Bíblia,
indicando que o autor ou compilador era um cristão. Entre os grandes feitos do
herói estão: a luta com Grendel espécie de ogro que simbolizava a humanidade
decaída, e atormentava a corte de Hrothgar, rei dos daneses (ancestrais dos
atuais dinamarqueses). O combate se dá no salão de festas do palácio Heorot (ou
o Cervo), onde se reuniam os grandes
heróis da corte dinamarquesa; o combate à mãe de Grendel, no covil onde ela se
esconde com seu demoníaco filho. E, por fim, a última aventura do herói,
cinquenta anos depois de haver ascendido ao trono da Gotlândia, quando é
obrigado a enfrentar um dragão, que provoca vários danos ao país após ter parte
de seu tesouro roubada por um imprudente súdito.
A história e a lenda
Não há nenhum documento histórico que ateste a
existência de Beowulf. Outros personagens da saga, no entanto, aparecem em
antigas crônicas, anteriores à composição do poema, que se dá numa Inglaterra
parcialmente convertida ao cristianismo. Gregório de Tours, bispo católico que
teria vivido entre os anos de 538 e 594, descreve na Historia francorum (História dos francos) como Hygelacc, tio do
herói e soberano dos godos no poema, morre em uma batalha com os francos, em
521. No poema, ele morre em luta com os frísios.
Hrothgar é o quinto monarca da dinastia dos
Scyldings, por quem Beowulf empenha sua coragem e sua honra, é personagem
autenticado pela história. O palácio Hereot, cenário dos ataques de Grendel,
localizava-se na ilha de Sjealland, próximo à atual cidade de Roskilde.
Hrothgar descende do lendário Scyld Scefing, que chegara à Dinamarca ainda
criança, trazido em um navio, do qual era o único tripulante. Depois de
notáveis feitos, sobe ao trono e, ao morrer, reverenciado pelo povo, seu corpo
é posto num navio e, assim, ele retorna ao mesmo mar de onde saíra, de forma
tão misteriosa. É a esta dinastia que Beowulf, ao combater Grendel, deve salvar
da aniquilação. Ela será, conforme tradições antigas, o tronco de uma dinastia
anglo-saxã, que reinará sobre a Inglaterra.
Uma amostra do conjunto:
Que a poesia dos bardos
Ilumine a minha mente
Para que eu possa falar
Sobre um guerreiro
valente,
Numa aventura
fantástica
Que emocionou muita
gente.
Conduzido pela Musa,
Espero aqui ter a
sorte,
Narrando a vida de um
bravo,
Dentre todos o mais
forte,
Que brilhou
intensamente
Até o dia da morte.
Porém, para começar,
Falaremos de um
monarca,
O famoso Hrothgar,
Que deixou a sua marca
Na região dos daneses,
A atual Dinamarca.
Com seus valentes
guerreiros,
Ele se estabeleceu
Nessa terra
hospitaleira
Que tão bem o recebeu,
Onde um palácio soberbo
Com bastante esforço
ergueu.
Era chamado de o Cervo
Aquele grande edifício,
Pois em seus salões
alegres
Não preponderava o
vício
E o bondoso rei cumpria
Com louvor o seu
ofício.
As ameias do palácio
Livravam-no dos perigos,
Das tempestades
insanas,
Da fúria dos inimigos,
Mas não puderam conter
O pior dentre os
castigos.
Este castigo atendia
Pelo nome de Grendel,
Um gigante
antropomorfo,
Um assassino cruel.
Cuja malvadez não pode
Ser descrita no papel.
Nas profundezas do
pântano
Aquele monstro vivia,
E somente pra caçar
Daquele antro saía.
Onde passava, deixava
A morte, a dor, a
agonia.
Ele acompanhou de longe
A construção do
castelo,
A imponência do reino
Que se tornara tão
belo,
Mas agora enfrentaria
O mais terrível
flagelo.
(...)
O herói chega à corte dinamarquesa |
O combate com Grendel |
Um comentário:
Que arte incrivel!!!! Queria em tapeçaria pra colocar na parede da minha sala.
Postar um comentário