terça-feira, 11 de março de 2014

Dia Nacional da Poesia, Dia de Castro Alves

Canção do Violeiro
Ilustração de Jô Oliveira para o livro A lenda do Batatão (SESI-SP Editora)











Passa, ó vento das campinas,
Leva a canção do tropeiro.
Meu coração ‘stá deserto, 
‘Stá deserto o mundo inteiro.
Quem viu a minha senhora
Dona do meu coração?
Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.
Ela foi-se ao pôr da tarde
Como as gaivotas do rio.
Como os orvalhos que descem
Da noite num beijo frio,
O cauã canta bem triste,
Mais triste é meu coração.
Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.
E eu disse: a senhora volta
Com as flores da sapucaia.
Veio o tempo, trouxe as flores,
Foi o tempo, a flor desmaia.
Colhereira, que além voas,
Onde está meu coração?
Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.
Não quero mais esta vida,
Não quero mais esta terra.
Vou procurá-la bem longe,
Lá para as bandas da serra.
Ai! triste que eu sou escravo!
Que vale ter coração?
Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.
















Nota: Aproxima-se o Dia nacional da Poesia, celebrado a 14 de março (homenagem ao poeta baiano Castro Alves que nasceu neste dia, no ano de 1847). Tenho especial apreço pelo poema “Canção do Violeiro”, que antecipa temas e cenários da poesia dita popular. Viva Cecéu!

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