A persistência da memória, de Dalí. |
Por uma estrada comprida
Vão a Verdade e a Mentira.
Uma afirma e a outra nega,
Uma põe e a outra tira.
Vão a Verdade e a Mentira.
Uma afirma e a outra nega,
Uma põe e a outra tira.
Ao lado de ambas caminha
Uma intrusa, a Falsidade.
Esta, apontando a Mentira
Diz se tratar da Verdade.
Uma intrusa, a Falsidade.
Esta, apontando a Mentira
Diz se tratar da Verdade.
A Justiça ainda tenta
A Verdade defender,
Mas, com os olhos vendados,
Bem pouco pode fazer.
A Verdade defender,
Mas, com os olhos vendados,
Bem pouco pode fazer.
A Razão também procura
Algum esclarecimento,
Porém Razão sem Justiça
É mesa sem alimento.
Algum esclarecimento,
Porém Razão sem Justiça
É mesa sem alimento.
A Verdade, atordoada,
Segue o estranho comboio.
Assim joio vira trigo,
E trigo torna-se joio.
Segue o estranho comboio.
Assim joio vira trigo,
E trigo torna-se joio.
Só mesmo o tempo responde
Algumas velhas questões,
Porém o tempo do Tempo
Não cede às vãs ilusões
Algumas velhas questões,
Porém o tempo do Tempo
Não cede às vãs ilusões
Quem, sem Razão, não
dissipa
As névoas da Falsidade
Vê na Verdade a Mentira
E na mentira a Verdade.
As névoas da Falsidade
Vê na Verdade a Mentira
E na mentira a Verdade.
E assim, na estrada da
vida,
Seguem, sem achar o chão,
A Falsidade, a Mentira,
A Justiça e a Razão.
Seguem, sem achar o chão,
A Falsidade, a Mentira,
A Justiça e a Razão.
Marco Haurélio
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