Enfim, disponível para
venda o livro A Roupa Nova do Rei (ou O Encontro de João Grilo com Pedro
Malazarte). Uma pequena tiragem havia sido publicada em 2012, para inscrição em
um programa de governo. Agora sai a tiragem regular, com o selo da Volta e Meia,
o braço infantojuvenil da Editora Nova Alexandria.
UMA HISTÓRIA MUITO
ANTIGA
A roupa nova do rei é um dos contos mais
conhecidos do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875),
considerado com justiça o Pai da Literatura Infantil. Publicado inicialmente em
1837, em uma coletânea de contos de fadas, é uma história de exemplo em que a
crítica à hipocrisia se sobressai ao humor. O enredo fala de um rei vaidoso ao
extremo, a ponto de se fazer de estúpido, que é passado para trás por dois
trapaceiros. Estes, em troca de riquezas, garantem fazer para o rei o mais belo
traje, advertindo-o, porém, ser este invisível aos estúpidos.
Uma versão mais antiga do conto é a que
consta no Livro de Patrônio ou do Conde Lucanor, de Don Juan Manuel, publicado
na Espanha em 1335. Nesta, de origem oriental, como a maior parte do livro, o
rei aceita os serviços dos trapaceiros que se propõem a fabricar uma tela
invisível aos filhos ilegítimos. Membros da corte, com medo de serem tomados
por bastardos, endossam a farsa. O pajem negro do rei, no entanto, descobre o
logro, para vergonha do soberano e de seus bajuladores. No reconto de Andersen,
sabemos, é uma criança quem avisa que o rei está nu.
Andersen, mesmo sem conhecer o texto original
espanhol, baseou-se numa tradução deste para o alemão, compondo assim o conto
que muitos pensam ser de sua autoria. Versões registrada no Sri-Lanka, Índia e
Turquia levam a crer que o conto foi levado ao Ocidente pelos muçulmanos que,
por tanto tempo, dominaram parte da Península Ibérica. O certo é que a história
traz valores universais e, em qualquer época, a inocência da criança ou a
honestidade do pajem fará contraponto à vaidade e ao orgulho dos poderosos.
O ENCONTRO DE JOÃO GRILO COM PEDRO MALAZARTE
Este livro marca o encontro de João Grilo com
Pedro Malazarte. Os personagens se encontram em Recife, capital de Pernambuco,
e de lá decidem ir a um lugar onde ninguém os conheça para aplicar mais uma
trapaça. Chegam a um país onde ouvem falar de D. Fernando, um rei vaidoso, em
quem resolvem dar uma lição, disfarçados de alfaiates. Ambientada a princípio
no Nordeste, e depois em um reino típico dos contos infantis, o texto rompe com
a fronteira entre a realidade e a imaginação, dando novo sentido a uma história
que é velha conhecida nossa, mas que aqui aparece renovada nesta versão em
cordel ilustrada por Klévisson Viana.
TRECHO INICIAL:
As histórias de cordel
São lidas em toda parte,
Umas falam de João
Grilo,
Que fez da astúcia uma
arte,
E por isso é comparado
Com o Pedro Malazarte.
As façanhas destes dois
Correm por todo o sertão
Em folhetos populares,
De grande circulação,
Pois é função do cordel
Preservar a tradição.
João Grilo, considerado
O maior dos estradeiros,
Usou sua inteligência
Para enganar fazendeiros,
Comerciantes, gatunos,
Coronéis e cangaceiros.
Malazarte, nem se fala:
Era o rei das
presepadas.
Suas histórias ainda
São muito rememoradas;
Pelos poetas do povo
Foram imortalizadas.
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