Imagem: Winchester Home |
Em certo bairro surgiu um boato que dizia que quem passasse por um pedaço da estrada, que ia de uma porteira a outra depois, das 11 da noite, aparecia uma moça vestida de branco, em cima do barranco, e pulava na garupa do cavalo, e só descia quando chegava na outra porteira.
Um rapaz, muito descrente, ouvindo isso, disse à sua mãe:
— É hoje que vou carregar a moça de branco na garupa e vou até beijá-la, pois tenho de ir à cidade e só volto depois das 11 da noite.
Sua mãe lhe implorou para que não fizesse isso, mas não adiantou. E o rapaz foi. Quando já estava dando 11 horas, ele veio embora. Mas, quando estava chegando na porteira, começou a ficar com medo e pensou:
— Vou bater a espora bem forte no cavalo para que ele corra bastante de uma porteira — outra, não dando tempo para a moça de branco subir.
Mas quando atravessou a primeira porteira, já viu a moça e ela ainda falou:
— É hoje!
E seu cavalo, mesmo ele batendo a espora bem forte, não corria.
A moça de branco subiu na garupa do cavalo e, pegando em seu rosto com a mão gelada, falava:
— Você não vai me dar um beijo? Cadê o beijo que você me prometeu? — e repetia isso várias vezes.
Enquanto isso, seu cavalo ia andando bem devagar como se tivesse um peso enorme nas costas. Quando chegou à outra porteira, a moça de branco sumiu. E o cavalo do rapaz correu tanto que parecia voar, fazendo um enorme barulho com as patas. A mãe do moço, que já estava preocupada, veio correndo. Quando abriu a porta, o rapaz desmaiou.
Só foi acordar o outro dia, muito assustado e dizendo:
— Desça daí, desça daí!
Quando sua mãe o acalmou, ele disse que nunca ia abusar e nem andar naquele pedaço de estrada mais à noite.
Contado por: Maria Cândida, mãe.
Recolhido por: Creusa Maria de Souza.
Local: São Francisco Xavier – SP.
Nota: Há alguns meses, quando me sobra um tempinho, leio os contos e lendas recolhidos por meu amigo Daniel D'Andrea. Incumbi-me da tarefa de conseguir uma editora para uma coletânea de histórias recolhidas na região "tropeira" de São Paulo. A história que reproduzo aqui, A moça de branco, aproxima -se da "Vanishing Hitchhiker", o fantasma da boleia de incontáveis relatos, estudada por meu amigo J.J. Dias Marques. Mas segundo este pesquisador, a razão de ser da "Vanishing Hitchhiker" é a suposição de se tratar de uma pessoa viva, o que não acontece no relato acima reproduzido.
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