Homenagem de Jô Oliveira ao "Pai do Cordel Brasileiro" |
Alguém é capaz
de explicar como autores incensados em seu tempo, aplaudidos por um exército de
sabujos, detentores de muitas láureas, hoje estão completamente esquecidos? Se
conseguir, também explique como Leandro Gomes de Barros, poeta e editor nordestino,
que enveredou pelas trilhas da literatura de cordel ainda não completamente
definidas, morto em 1918, ou seja, há quase cem anos, mereceu de um público
sempre renovado a imortalidade literária.
Nascido em 1865
no sítio Melancia, no município paraibano de Pombal, Leandro é, ao mesmo tempo,
o grande desbravador da seara do cordel e sua melhor tradução. Não foi o
primeiro a escrever e a publicar obras no gênero, mas, a partir dos temas
explorados por ele e por seu conterrâneo Silvino Pirauá, dezessete anos mais
velho, o cordel editado no Brasil achou o seu rumo.
Sua obra abrangia desde os livros do povo, trazidos pelo colonizador luso, em versões fiéis ou recriações, a poemas que destacavam a gesta do gado, como a História do Boi Misterioso, ou relatos lendários, como o impressionante romance O Cachorro dos Mortos. Esta trajetória singular está bem esmiuçada na biografia do artista escrita pelo cordelista e admirador Arievado Viana, Leandro Gomes de Barros Vida e Obra (produção conjunta da editora Queima-Bucha e do Sintaf de Fortaleza).
Sua obra abrangia desde os livros do povo, trazidos pelo colonizador luso, em versões fiéis ou recriações, a poemas que destacavam a gesta do gado, como a História do Boi Misterioso, ou relatos lendários, como o impressionante romance O Cachorro dos Mortos. Esta trajetória singular está bem esmiuçada na biografia do artista escrita pelo cordelista e admirador Arievado Viana, Leandro Gomes de Barros Vida e Obra (produção conjunta da editora Queima-Bucha e do Sintaf de Fortaleza).
Leandro inspirou
grandes artistas, a exemplo de Ariano Suassuna, que, de duas obras suas inspiradas
em contos tradicionais, O Dinheiro e O Cavalo que Defecava Dinheiro, além do
poema de cunho religioso O Castigo da
Soberba, de Silvino Pirauá, extraiu os motivos para a sua peça mais
célebre, Auto da Compadecida. Inspirou outros cordelistas, apontando-lhes o
caminho com suas obras consagradas por um público sempre ávido por histórias de
temáticas variadas.
Leandro em linoleogravura de Jô Oliveira |
Leandro, no
entanto, tem brilho próprio e basta a leitura de seus textos mais célebres para
entender o porquê de ele ainda ser lido, imitado, mas nunca igualado, ao passo
que muitos de seus contemporâneos mergulharam nas águas do Lete para delas não
mais emergir.
A professora Ione Severo, de Pombal, pesquisadora do cordel e
admiradora do poeta, prepara uma homenagem à altura de seu talento. Poetas,
estudiosos e ilustradores da literatura de cordel se reunirão no berço do autor
de Os Sofrimentos de Alzira e Cancão de Fogo para celebrar a passagem
dos 150 de nascimento daquele que, quando vivo e mesmo depois de seu encantamento, foi cognominado, com justiça, O
Primeiro Sem Segundo.
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