A convite do Sharjah Institute for
Heritage (Instituto para o Patrimônio), participei, do 18º
Sharjah International Narrator Forum, que ocorreu no início desta semana
em Sharjah, uma das pérolas do Oriente Médio. O pequeno emirado, que erigiu a
cultura como um dos seus grandes pilares, sediou o encontro que reuniu mais de
uma centena de narradores e pesquisadores de tradição oral de vários países,
incluindo o Brasil. Dr. Abdulziz Al Mussalan, presidente do Instituto, escritor
poeta e estudioso das tradições milenares do povo árabe, foi o responsável pelo
convite, ainda na Bienal do Livro de São Paulo, onde dividimos uma mesa, no
Espaço de Sharjah, que tinha os contos folclóricas e a heranças árabes no
Brasil como tema.
Oficina com Fábio Lisboa |
No dia 25, no Centro de Convenções,
no Espaço dedicado ao Forum, fiz uma breve e inesquecível participação. Uma
honra que, por mais que eu busque, não conseguirei expressar em palavras, foi
dividir o mesmo espaço com o genial Némer Salamún. Recontei em espanhol o conto
popular O Príncipe Cavalinho (do
livro Contos e Fábulas do Brasil), do
ciclo do noivo animal, que ele, Némer, vertia imediatamente para o árabe,
arrancando risos e aplausos da plateia composta majoritariamente por crianças.
O encanto pelas histórias, velhas como a humanidade, afinal de contas, é
universal.
Némer ainda traduziu contos narrados
pelos parceiros latino-americanos, o colombiano William Arunategui (Willo) e o
peruano Rafo Diaz. No período da manhã, a companheira Lucélia Borges ministrou
uma oficina de isogravura para crianças e expôs algumas matrizes de xilogravura
de seu acervo. O casal de amigos Fábio Lisboa e Bianca Tozzato ministraram uma
oficina de confecção de brinquedos tradicionais feitos com papelão. Fábio
participou ainda da abertura do evento, ao lado de outros narradores, saudando
o sheik Sultan bin Muhammad Al-Qasimi, governante de Sharjah, grande
incentivador das artes e das ciências, também ele um renomado intelectual, com
formação em várias áreas do conhecimento.
Volto para casa muito feliz depois
dessa breve estadia entre o povo do deserto, cuja herança cultural avançou pelo
norte da África, chegou à Península Ibérica e, por meio de portugueses e
espanhóis, alcançou a terra depois chama de América. No Brasil, a região
Nordeste é a que melhor guardou o patrimônio imaterial do povo árabe e dos
povos berberes, ainda hoje vivo em costumes e crenças, contos, lendas, autos
populares e até mesmo em nossa poesia popular, mormente no cordel, repente e
nos aboios dos vaqueiros.
Mais uma vez, minha gratidão a
Sharjah, em especial ao dr. Abdulziz, a Aisha Alshams, diretora do Center for
Heritage, incluindo toda a comissão organizadora que nos recebeu tão bem,
comprovando a proverbial hospitalidade dos povos do Crescente.
Salam Aleikum!
Exposição de livros e folhetos |
Wayqui César Villegas, mestre peruano. |
Era uma vez com mestre Némer Salamúm. |
Seres fantásticos do leste asiático. |
No Center for Heritage, encontrei esse "cavalo marinho" italiano. |
Apresentando o cordel a Sherif Mahmoud Aly, representante do Egito |
Némer Salamúm e Willo em bela dobradinha. |
No Museu da Civilização Islâmica, um elo com a "civilização do couro" do Nordeste |
Oficina de isogravura para crianças, com Lucélia Borges |
No Center for Heritage, com Magaly Quadros,
do projeto Mala de Herança.
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