O cordelista paraibano, ou paraibense, como ele gostava de dizer, Raimundo Luiz
do Nascimento, o Raimundo Santa Helena, personagem de destaque na história da
literatura popular em versos, morreu ontem, 3 de novembro, aos 92 anos. Deixa
uma obra monumental, um acervo gigantesco e uma série de realizações em prol de
sua coletividade. A ele dediquei o seguinte trecho em meu livro Breve História da Literatura de Cordel:
"O combativo poeta popular paraibano
Raimundo Santa Helena, nascido em 1926 e batizado Raimundo Luiz do Nascimento,
começou a publicar seus folhetos relativamente tarde – em 1978. Contudo, seu
espírito levou-o a empreender verdadeiras cruzadas em defesa da Literatura de
Cordel. Ousou, inclusive, questionar o Dicionário
Escolar da Língua Portuguesa, do MEC, que, num verbete específico, definia
Cordel como “literatura de pouca ou nenhuma qualidade”. Esta visão depreciativa
vem desde os tempos em que o português Caldas Aulete fixou o termo no Dicionário Contemporâneo, de 1881. O
Dicionário Escolar, portanto, apenas endossava um absurdo repetido por mais de
um século. Foi esta a razão do protesto de Santa Helena, apoiado por Carlos
Drummond de Andrade, que numa crônica publicada no Jornal do Brasil, a
21.08.1982, recomendou: “A expressão ‘de cordel’ não é mais pejorativa. Não
custa ao MEC rever, em edição futura, o verbete desatualizado”.
Por esta e outras, inclusive por sua
luta em favor das eleições diretas, em 1984, Raimundo de Santa Helena é um nome
maiúsculo do Cordel em sua face urbana."
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