quinta-feira, 25 de junho de 2020

CARTA DE SATANÁS A TASSO JEREISSATI SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA



| Texto coletivo | Obra Completa |

Inferno, Corte das Trevas,
24 do mês seis
Eu escrevo essa missiva
Com coragem e altivez
Para parabenizar
O senador de vocês!

Grande Tasso Jereissati,
Orgulho aqui das Profundas,
Não cansa de amealhar
Pra suas contas rotundas
Dinheiro até mesmo à custa
Das pessoas moribundas.

Aproveita a pandemia
Momento de desespero
Para levar mil vantagens
Do povinho brasileiro,
Pois pouco lhe importa a vida,
Só tem valor o dinheiro.

Por isso até sinto inveja
Das grandes calamidades.
Aqui você é destaque
Entre as grandes sumidades,
No inferno um cão não tem
Seu rosário de maldades.


Tu és gênio, camarada!
Porque nunca pensei nisso?
A água que é bem vital
Luta para dar sumiço;
Tiro o chapéu e lhe louvo
Por planejar tudo isso!!!

Senador, o próximo passo
Que você deve pensar
É cobrar a luz do sol
E o ar privatizar
Para que seus eleitores
Paguem para respirar!

Nesse inferno aí da Terra
Você supera o capeta.
Seus projetos diabólicos
É sempre grande faceta.
Quem vota em você merece,
Chapéu de otário é marreta!

Aproveito esta missiva
Pra lhe parabenizar.
Jogue duro, bote quente,
O segredo é massacrar.
E como contrapartida
Reservei o seu lugar.

Tu sabes, somos amigos,
Você é grande parceiro.
Já lascou o Ceará
De Sobral a Juazeiro
Agora o plano execrável
É lascar o Brasil inteiro.

Meu galeguinho, esta carta
É seu comparsa quem posta.
Já sei que você me atende,
Pois do seu amigo gosta,
Faça tudo que lhe peço
E nem precisa resposta.

Meu distinto senador,
Você é astuto e sagaz,
Querer privatizar a água
Prova do que és capaz.
Do jeito que você é
Destrona até Satanás.

Já vendeste a energia,
Cuja empresa era estatal,
E queres privatizar
Água – um bem universal!
Tu serás bem-vindo aqui,
Grande senador do mal!

Eleito por um Estado
Onde a seca sempre assola,
Mas para a população
Nunca moveste uma mola.
Queres toda a água agora
Para fazer coca-cola?

Quanto mais dinheiro tens,
Mais tu queres ter tutu,
Nós vemos tua ganância,
Eu, Capeta e Belzebu.
O inferno inteiro te espera,
“Coroné dos zói azu”!

Tasso você é amigo,
Mas tá me causando espanto.
Não aceito concorrência,
Meu rosto já rola pranto,
Já estou é percebendo
Que tu quer tomar meu canto.

Quando chegar no inferno
Você será aclamado,
"Galego dos olhos azul",
Capitalista afamado.
Seguindo assim, "nas profundas",
Tu serás condecorado!

Posso até mudar seu nome:
Tassanás te chamará
Com essa sua jogada
O mundo conhecerá
Entre Tasso e Satanás
Que diferença não há.

Aqui no inferno todos
Querem contigo aprender,
Melhorar o repertório
Pra mais maldades fazer.
Jamais te superarão,
Oh, mestre do malquerer!!!

Como embaixador do inferno
Prossiga em sua maldade,
Passe por cima de pobre
Pra viver com qualidade,
Que depois o próprio pobre
Lhe implora por caridade.

Água não é para todos,
Siga a privatização.
Apenas finja ser bom
Em período de eleição,
Mas agora você faça
O mal pra sua nação.

Também a telefonia,
Por preço muito mirrado,
Tu vendeste, meu galego,
Desmilinguiu o Estado.
Quer rifar os mananciais
De um povo já ressecado.

Portando várias safenas
Em São Pedro não medita
Toda nossa encanação
Mira em ganância maldita
O pobre vai passar sede
E nem mais banho cogita.

Mas o pior no vil enredo
Pra entupir nossos canos
É golpe na Educação
Usado em passados anos
Põe depois a pedra em cima
E por isso amo Tucanos!

O prefeito do inferno
Por ordem superior
Já vai lhe condecorar,
Estimado senador.
Que privatizará a água
Onde faz muito calor.

Aqui estamos contentes
Com o plano empresarial.
Em pouco tempo, o Brasil
Será nossa filial.
Dispensará combustíveis,
Será inferno natural.

Bolou um plano brilhante:
Pra fabricar cola-cola
Quer ser o dono da água,
No mal não possui bitola,
Vendendo refrigerante
No inferno fez escola.

Eu penso amolando os chifres:
Tu és o maior avaro!
Irmão, somos um só sangue,
Eu, você e Bolsonaro;
Nossa missão é fazer
O povo tomar no aro!

Ah, delícia de idiotas
Que votam na vossa laia!
O veneno da burrice
Do meu rabo de lacraia
Inoculado por biltres
Como Silas Malafaia.

Dizem orar pra Jesus
Em templos, que na verdade,
Pregam a minha doutrina,
Lá eu sou autoridade!
De cristãos só têm o nome,
Pra nossa felicidade!

Já você, tem outros modos,
Meu cheiroso Galeguinho.
Posa de grande empresário,
Filantropo (seu mesquinho!),
Enquanto tange os mandatos
Para o maior descaminho.

Acho lindos teus discursos
Mal ajambrados, capengas,
Na plenária ou aos repórteres,
Que lindas, toscas arengas;
Te sentes “a sumidade”,

Acho lindos teus discursos
Mal ajambrados, capengas,
Na plenária ou aos repórteres,
Que lindas, toscas arengas;
Te sentes “a sumidade”,
Proferindo lengas-lengas.!

Mas vamos aqui parar
Com tais classificações.
Sigamos para o trabalho:
Desviar aos borbotões
As águas de toda parte
Às nossas instalações!

Ao findar minha cartinha
Realizei meu afã.
Da sua mente perversa
Eu já me tornei um fã,
Assino aqui na outra linha
Seu velho amigo Satã.

Ao concluir sua carta
Satanás suspirou fundo
E falou: — O Tasso tem
Conhecimento profundo
Para cometer maldade
É ele o melhor do mundo!

Nosso Tasso é escolado
Que sempre engana à socapa.
Não sei porque não foi vice
De Bozo na sua chapa
Pra ganhar a eleição
Tinha sido uma garapa!


Lusbel escutando tudo
Falou assim: — Ora sebo!!!
Tasso sempre foi um mestre
Novinho, jovem mancebo,
Já era droga pesada
Porque nunca foi placebo.

Naquela hora sublime
Festejava o Satanás.
Pensou sorrindo: — O galego
Mostrou do que é capaz.
Com à água privatizada
Viverei dando risada
E de todos tiro a paz.

"Este nobre senador
Tem mostrado que é esperto.
Uma pessoa como ele
Eu quero sempre por perto.
Com ele no parlamento
A todo e qualquer momento
Meu canal está aberto".

"Galeguim dos zói azul –
Disse o capeta sorrindo –
Vais privatizar a água
Com a verdade omitindo.
Ele ficando mais rico,
Eu festejo e alegre fico
Por estar contribuindo.

“Não te esqueças, meu Galego,
Dessa nossa parceria!
Tu privatizas a água
Como tua mercadoria!
Vão comer em tua mão,
Principalmente o sertão
Onde água é iguaria”.

Mate esse povo de sede!
Tire-lhe o refrigério
Pra que pobre beber água?
Mas que falta de critério!
Água é pra quem tem dinheiro!
Privatize até bueiro,
Se morrer, tem cemitério!

Porém cuide, enquanto há tempo,
Pois tão fazendo um cordel
Denunciando a parceria –
E clamando a São Miguel –
E a Jesus que é comunista
Deus me livre de esquerdista
Essa escória é infiel.

Seja esse criminoso,
Faça valer sua história,
Pois esse povo sem água
Não terá escapatória.
Ficarão em teu curral,
Feito um bando de animal,
Mate de sede essa escória.

Esta privatização
Vai encher o meu caderno.
"Galeguim, dos zói azul"
Já que és homem moderno.
Vou fazer uma postagem
Te mostrar a homenagem
Que a ti fiz no inferno.


FIM


AUTORES:

Eduardo Macedo
Silvio Roberto Santos
Joaquim Mendes (Joames)
Pedro Paulo Paulino
Evaristo Geraldo da Silva
Jader Soares (Zebrinha)
Klévisson Viana
Rouxinol do Rinaré
Francisco Paiva Neves
Antônio Marcos Bandeira
Paulo Filho
Junior do Cordel
Angelim do Icó
Demétrio Andrade
Antônio Queiroz de França
Leo Manoel

Capa: Cayman Moreira

Um comentário:

Jadi Vieira disse...

Esse texto lançado no dia do meu aniversário me deixou tão contente que penso não ter presente melhor. Parabéns a todos os envolvidos, sigamos na luta! Ps.: sou amiga de Jesus, o comunista!