Sobre o
curso
As nossas crenças expressam, desde sempre, as nossas
esperanças e angústias. Do culto aos antepassados até a organização de sistemas
religiosos complexos, alinhavados por muitas histórias, resultantes de
múltiplas experiências, a história do pensamento religioso tem sido marcada por
seu percurso acidentado, não raro repleto de lacunas e especulações, perguntas
não respondidas e crenças que serviram de alicerce para as grandes religiões,
ainda que estas, como ocorre em praticamente todos os mitos, reneguem seus pais
destronados ou desprezem suas matrizes. Por onde andarão Hátor, Inana, Ísis,
Anat, Afrodite, Asherat e outras deusas? Exiladas ou assimiladas, sem culto ou
altar, mas vivas nos contos de magia, como ajudantes sobrenaturais, ou
encarnando a Anima dos junguianos? Estarão conectadas às divindades da
tradição galo-celta, em especial à Morrígan, cuja contraparte mortal, a fada
Morgana, foi injustamente associada à vilania. Seria Isolda, a loura, cujo
destino liga-se ao de seu amante Tristão, o Teseu bretão, a última das deusas,
as quais, depois dela, “vivem” agora em nossos sonhos?
Percurso do grupo
Primeiro encontro: Ísis, Ishtar e Afrodite: deuses em pedaços, deusas em
demanda
Descrição: Osíris, Tamuz, Átis, Adônis e Balder são os nomes que os povos do Egito,
da Ásia ocidental e da Escandinávia deram ao deus da vida vegetal. A morte e
ressurreição do deus, criando o ciclo das estações, ligam-se aos antigos
mistérios nos quais o casamento com a deusa exerce um papel crucial. Aliás, é
esta deusa, mãe e esposa a um só tempo, a protagonista de um antigo drama cujo
ápice é a sua descida ao reino inferior em busca do deus agonizante, trazido
por ela novamente à luz.
Segundo encontro: Édipo sem Freud, mas sempre com a Esfinge
Descrição: O trágico destino de Édipo e, de certo modo, da Casa de Tebas,
relaciona-se à origem desta cidade, fundada pelo herói Cadmo. Para além das
modernas interpretações, e da racionalização do mito durante o período clássico
na Grécia, é preciso voltar ao passado, buscando as raízes da história,
comparando as famílias reais de Tebas e de Micenas, envolvidas em círculos
viciosos que resultarão em crimes e sacrilégios.
Terceiro encontro: Medeia e a Filha do Diabo: aprendendo a lidar com o
esquecimento
Descrição: Filha de Eetes, rei da Cólquida, Medeia é a princesa que cai de amores
pelo belo estrangeiro que chega à sua terra em busca do tosão de ouro, usando,
quando necessário, seus poderes de maga para auxiliá-lo nas provas impostas por
seu pai possessivo. O amor que a une a Jasão será posto à prova quando este,
vitorioso, retorna à Grécia, acompanhado da estrangeira sacerdotisa da sombria
Hécate. As consequências da ingratidão do herói, no mito arcaico e no conto
popular da “Filha do Diabo”, mostram duas formas de se lidar com o abandono,
tema relevante em qualquer época ou lugar.
Quarto encontro: Siegfried e Brunhilde: o crepúsculo do herói
Descrição: Sigurd (Siegfried para os germânicos)
é o vencedor de Fafnir, dragão guardião de tesouros, e encarna o ideal medieval
da vassalagem nem sempre recompensada e da coragem a serviço da glória. Os
encontros e desencontros de Sigurd e Brunhilde aproximam-se e se afastam do destino de Tristão e Isolda,
contraparte celta da velha saga escandinava.
Quinto encontro (30/6): Tristão e Isolda ou Eros e Tânatos na mesma taça
Descrição: Não há Tristão sem Isolda, nem Isolda sem Tristão é a fórmula fixada
por Marie de France no Lai da madressilva, composto no século XII, e,
desde então, as venturas e desventuras dos amantes vem sendo contadas e
recontadas em verso e prosa através dos séculos, constituindo-se, ao lado do
Graal, no mito mais poderoso do Ocidente.
SUGESTÕES
DE LEITURA
ANÔNIMO. Saga dos volsungos. Tradução de Théo de
Borba Moosburger. São Paulo: Hedra, 2009.
BRUNEL,
Pierre (org.). Dicionário de mitos literários. Editora da UnB, José
Olympio Editora, 1998.
CAMPBELL,
Joseph. O herói de mil faces. Tradução de Adail Ubirajara Sobral.
São Paulo: Pensamento, 1989.
_____________. Deusas:
Os mistérios do divino feminino. São Paulo: Palas Athena, 2016.
CARDIGOS,
Isabel; CORREIA, Paulo. Catálogo dos Contos Tradicionais Portugueses
(Com as versões análogas dos países lusófonos). CEAO da Universidade do Algarve
/ Edições Afrontamento: Portugal, 2015.
ELIADE,
Mircea. O mito do eterno retorno. Tradução de Mnuela Torres.
Lisboa: Edições 70, sd.
FERREIRA,
Jerusa Pires. Armadilhas da memória (conto e poesia popular).
Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1991.
FRANZ,
Marie-Louise von. A sombra e o mal nos contos de fadas. Tradução de
Maria Cristina Penteado Kujawski. São Paulo: Paulinas, 1985.
GIMBUTAS,
Marija. The Language of the Goddesses. San Francisco (EUA): Harper
& Row, Publishers, 1995.
HAURÉLIO,
Marco. Contos folclóricos brasileiros. Classificação e notas: Paulo
Correia. São Paulo: Paulus, 2010.
_____________.
Tristão e Isolda em cordel. São Paulo: SESI-SP Editora, 2018.
_____________. Vozes
da tradição. Colaboração: Lucélia Borges. Fortaleza: IMEPH, 2018.
KIRK, G.
S. The nature of greek myths. EUA: Penguin Books, 1985.
LEEMING,
David. Do Olimpo a Camelot. Um Panorama da Mitologia Europeia Tradução
de Vera Ribeiro. São Paulo: Zahar, 2004.
MEREGE, Ana
Lúcia. Os contos de fada – origem, história e permanência no mundo
moderno. São Paulo: Claridade, 2010.
MÜLLER,
Max. Mitologia comparada. Barcelona: Vision Libros, sd.
NASCIMENTO,
Bráulio do. Estudos sobre o conto popular. São Paulo: Terceira
Margem, 2009.
PROPP,
Vladimir. As raízes históricas do conto maravilhoso. 2. ed.
Tradução de Rosemary Costhek Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
_____________. Édipo à
luz do folclore. Tradução de António da Silva Lopes. Lisboa: Editorial
Veja, sd.
ROMERO,
Sílvio. Contos populares do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, São
Paulo: Edusp, 1985.
SHAFER,
Byron E. As religiões do Antigo Egito: deuses, mitos e rituais domésticos.
Tradução de Luís S. Krausz. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2002.
TOLKIEN, J.
R. R. Beowulf: uma tradução comentada. Tradução de Ronald Eduard Kyrmse. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.
VERNANT,
Jean-Pierre. O universo, os deuses e os homens. Tradução de Rosa
freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
“Vênus em luto por Adônis”, de Cornelis Holsteyn
“Medéia”, de Eugène Delacroix
“Tristão e Isolda”, de Gaston Bussiere
“Sigurd e Brunhilde”, de Harry George Theaker
“Édipo e a Esfinge”, de François-Xavier Fabre
Quem é o professor
Marco Haurélio, escritor, professor e divulgador da literatura de cordel, tem mais de 40 títulos publicados, a maior parte dedicada a este gênero que conheceu na infância, passada na Ponta da Serra, sertão baiano, onde nasceu. Vários de seus livros foram selecionados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para o Catálogo da Feira do Livro Bolonha. Finalista do Prêmio Jabuti, suas obras receberam distinções como o selo Altamente Recomendável, da FNLIJ, e o selo Seleção Cátedra-UNESCO (PUC-Rio). Em sua bibliografia destacam-se as obras Contos folclóricos brasileiros, A lenda do Saci-Pererê, Meus romances de cordel, Lá detrás daquela serra, O encontro da cidade criança com o sertão menino, Tristão e Isolda em Cordel, A jornada heroica de Maria e Contos e fábulas do Brasil. Ministra cursos sobre cordel e contos tradicionais em espaços os mais diversos.
Quando
Dias 20/9; 04/10; 18/10; 08/11 e 22/11 (às segundas-feiras)
Das 19h às 21h
Onde
Online
As informações de acesso serão disponibilizadas por e-mail.
Público
Geral
Turma
30 pessoas
Investimento
R$ 260,00 (os cinco encontros)
R$ 60,00 (encontros avulsos)
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Bolsas de estudo
Aceitaremos inscrições para o processo de bolsa até sete (7) dias antes do início do curso.
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Um comentário:
Que lindeza!!!!
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