sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Cordel do Fliaraxá 2015




Quando chegou o convite
Do Festival Literário
De Araxá, pensei comigo:
“Vai ser extraordinário!”
E, de fato, foi marcante
Para o meu itinerário.

Os escritores presentes
Com muita propriedade
Mostraram-nos a importância
Da bibliodiversidade,
Fazendo o Fliaraxá
Ser sucesso de verdade.

Este festival que teve
Afonso Borges à frente,
Em sua quarta edição,
Pra mim foi surpreendente,
Graças ao brilho e ao empenho
De uma equipe competente.

Lembranças de muita gente:
De Rufato, Xico Sá.
Gonçalo M. Tavares
Veio do lado de lá
Compartilhar seu talento
Com o povo de Araxá.

De Marina Colasanti
E de Mary Del Priore,
Há tantas boas lembranças
Que, por mais que as rememore,
Guardarei num relicário
As prosas sobre o folclore.

Das atividades feitas
Com mestre Jô Oliveira,
Das histórias de Lucrécia,
Narradora, cantadeira,
Que tem na voz e nos gestos
A alma luso-brasileira.

Das rodas de poesia,
Oficinas de cordel,
Os clowns do grupo Fratelo,
A mão de Salatiel
Dedilhando o violão,
Saudando o Tamanduel.

Paulo Netho, alma criança,
De coração generoso,
Com seu baú de parlendas
E seu dom maravilhoso,
Convidando a um passeio
Nos domínios de Trancoso.

E do amigo José Santos,
O que poderei falar?
Vendo-o incorporar um clown,
No palco sempre a brincar,
Lembrou-me dos grandes mestres
Da cultura popular.

Do grande Ailton Krenak,
Sabedoria ancestral,
De Pasquale Cipro Neto,
Celso Adolfo, genial,
Cantando o Sertão de Rosa,
O Sertão Universal.

Leo Cunha, grande escritor,
Alma sensível, criança,
Carlos Herculano Lopes,
Com porte de rei da França,
Acendem com verve e viço
O pavio da esperança.

Como não lembrar também
Ricardo Barros e Elis,
Partilhando a experiência
Do ler, que é força motriz
Em nome do bom combate,
Exemplo para o país.

Ver de Maurício de Sousa
Caírem lágrimas sinceras
É pensar que ainda estamos
Em uma época de esperas,
Mas já preparando o pólen
De futuras primaveras.

Ouvi Nélida Piñon,
Nos corredores do hotel.
De modo franco e gentil,
Elogiar o cordel,
Falando da coleção
Que doou para Cantel.

José Otávio e Pedro
Pintando linda aquarela.
Sempre com terno sorriso,
Tati com a Manuela
Comprovando que esta vida,
Apesar de tudo, é bela.

Ao final inda encontrei
Seu Sebastião Carreiro,
Um catador de papel,
Um humilde brasileiro,
Das flores da tradição
O mais fiel jardineiro.

Tantos nomes, tanta história
Um cordel jamais abarca,
Não dá para citar todos,
Com nossa memória parca,
Porém deixo a gratidão
Como selo, timbre e marca.

Afonso Borges, receba
O meu sincero obrigado.
Difundir literatura
É um trabalho pesado,
Mas o porvir saberá
Reconhecer seu legado.

Marco Haurélio

Com Jô Oliveira em mesa mediada por Carlos Herculano Lopes.
Leo Cunha, Mary Del Priore e Marina Colasanti.
O menino Arthur com a nova aquisição: Os 12 Trabalhos de Hércules.
Ailton Krenak e Ricardo Barros em uma prosa animada.
Jô Oliveira fala de seus 40 anos de arte na Fliaraxá.
Depoimento de José Santos.
Com os mestres das HQs nacionais: Maurício de Sousa e Jô Oliveira.
Seu Tião Carreiro, grande contador de histórias.
Créditos: fotos de Jackson Romanelli, Rubens Weil e Marco Haurélio.