quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Estrelas daqui e de Portugal

Ilustração de Taisa Borges

A estrela, quando corre,
Deixa um caminho no céu;
O rapaz, quando namora,
Leva jeito no chapéu.

As estrelas do céu correm
Todas numa carreirinha;
Assim correm os amores
Da tua beira pra minha.

Lá no céu tem sete estrelas,
Todas sete emparelhadas.
Uma é minha, outra é de vós,
 Outra de minha mãe amada.

No céu há dezoito estrelas
Todas postas numa linha;
Quis Deus escrever com elas:
“Eu sou teu e tu és minha”.




Nota: A literatura oral fascina pela originalidade e pela universalidade. E nisso não há qualquer contradição. A primeira e a terceira quadras acima reproduzidas são de minha recolha do cancioneiro baiano, que redundou no livro Lá detrás daquela serra (Peirópolis,2013). A segunda e a quarta integram o Cancioneiro de Viana do Castelo, de Afonso do Paço (Braga, Livraria Cruz e Cia.,1928). Notem-se, em que pesem as similaridades, as diferenças sutis. Na terceira, por exemplo, a referência ao Setestrelo (Plêiades) dispensa maiores explicações. Na quarta, as 18 estrelas equivalem a cada letra da frase do verso final.

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