Ilustração de Taisa Borges |
A estrela, quando corre,
Deixa um caminho no céu;
O rapaz, quando namora,
Leva jeito no chapéu.
As estrelas do céu correm
Todas numa carreirinha;
Assim correm os amores
Da tua beira pra minha.
Lá no céu tem sete
estrelas,
Todas sete emparelhadas.
Uma é minha, outra é de
vós,
Outra de minha mãe amada.
No céu há dezoito
estrelas
Todas postas numa linha;
Quis Deus escrever com
elas:
“Eu sou teu e tu és minha”.
Nota: A literatura oral fascina pela originalidade e pela universalidade. E nisso não há qualquer contradição. A primeira e a terceira quadras acima reproduzidas são de minha recolha do cancioneiro baiano, que redundou no livro Lá detrás daquela serra (Peirópolis,2013). A segunda e a quarta integram o Cancioneiro de Viana do Castelo, de Afonso do Paço (Braga, Livraria Cruz e Cia.,1928). Notem-se, em que pesem as similaridades, as diferenças sutis. Na terceira, por exemplo, a referência ao Setestrelo (Plêiades) dispensa maiores explicações. Na quarta, as 18 estrelas equivalem a cada letra da frase do verso final.
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