Livro reconta a origem lendária do teatro de sombras chinês
Acaba de sair, pela Paulinas Editora, o livro A lenda do teatro de sombras, texto meu e ilustrações de Fernando Vilela. A história gira em torno do teatro de sombras da China, na dinastia Han
(século II a.C.), que teria surgido durante o reinado do imperador Wu’Ti (ou Wudi), por obra do mago Shao-weng,
que, ameaçado pelo governante, precisa trazer de volta, do reino das sombras,
Li, a bailarina favorita do governante, morta prematuramente. Optei por
recontar a lenda em quadras, que casaram perfeitamente com as lindas
ilustrações criadas pelo Fernando Vilela.
Escrevi, ainda,
um texto complementar, que em parte reproduzo abaixo:
Há quem afirme
que o teatro de sombras existe desde tempos imemoriais. É de se imaginar que,
desde os tempos pré-históricos, depois da descoberta do fogo e do seu uso no
cozimento dos alimentos e para espantar os animais predadores, os nossos
ancestrais, constituindo os primeiros agrupamentos humanos, sentiram a necessidade
de se comunicar. E isso se deu inicialmente pelo gesto, que antecede a palavra.
Mas também por meio de desenhos e pinturas nas paredes das cavernas e em
rochas, que nos dão pistas de como agia ou pensava o ser humano na longuíssima
noite que chamamos de pré-história. Só podemos supor que, nos momentos em que
se reuniam ao redor das fogueiras, com o auxílio das mãos ou de objetos
rudimentares, contavam algumas histórias ou homenageavam seus antepassados
através das sombras projetadas nas paredes das cavernas.
O teatro de
sombras, como o conhecemos hoje, no entanto, deve ter se desenvolvido no
sudeste da Ásia, em países como Indonésia Malásia, Camboja, Tailândia, mas,
principalmente, na China e na Índia. Na China, país mais identificado a esta
arte milenar, as silhuetas podem ser coloridas e, graças à habilidade do
marionetista, executam movimentos complexos que incluem lutas, danças e até
mesmo expressões faciais e cenas de batalhas. Na Índia, por muito tempo, temas
ligados à religião e à moralidade predominaram nas representações locais do
teatro de sombras. Na Turquia, o teatro de sombras é chamado Karagöz (“Olho
Negro” em turco), nome que homenageia um herói cômico de grande popularidade.
E, agora, um trechinho do livro:
Certa vez ouvi contar
Uma história tão bonita:
De um imperador da China
E sua grande desdita.
O conto ainda nos fala
Que esse imperador famoso
Era protetor das artes,
Da dança um fã fervoroso.
Das bailarinas da corte
Uma chamava a atenção:
Li, que dançando lembrava
O pulsar do coração.
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