O jornal A Tarde, de Salvador, publicou, na última sexta-feira, uma matéria extensa sobre a Antologia do Cordel Brasileiro, assinada pelo jornalista Marcos Dias. A íntegra da matéria está na imagem acima. Abaixo, alguns trechos da entrevista que concedi ao jornalista, reproduzidos em parte na matéria:
Como ser baiano, do sertão, marcou sua aproximação com o cordel?
Nasci num lugar chamado Ponta da Serra, município de Riacho de Santana. Desde criança, ouvia minha avó paterna, D. Luzia, contando as histórias do nosso romanceiro de cordel. Também gostava de ouvir cantigas e acalantos, contos de encantamento e orações. Parafraseando o mestre Câmara Cascudo, eu diria que ela foi minha grande professora de folclore. Não tínhamos água encanada nem luz elétrica, mas, em compensação, o meu quintal era o mundo.
Preconceito e senso comum.
Em qualquer gênero literário, preconceitos
são reproduzidos, de forma intencional ou velada. No cordel, atualmente, os
poetas têm se manifestado abertamente contra preconceitos e estereótipos,
especialmente no tocante ao gênero e à cor. É preciso, no entanto, tomar
cuidado para não transformar o politicamente correto no “policiamento
incorreto”.
O que
pensa nos editais do Estado (Bahia) e MinC para cordelistas?
Na Bahia, havia um concurso nacional de
literatura de cordel, de grande relevância. Hoje, não existe mais, o que é uma
pena. No plano nacional, a boa surpresa foi o Prêmio mais Cultura do MinC. Uma
bela iniciativa com graves equívocos no plano prático, em espacial no tangente
à seleção de projetos. Um livro de minha autoria, O Conde Monte Cristo me
Cordel, ad editora Nova Alexandria, foi premiado, mas nem por isso eu deixo de
reconhecer os problemas, que, espero,
na próxima edição, não se repitam.