sábado, 4 de fevereiro de 2012

Lançamento: O Preço da Liberdade, de Rouxinol do Rinaré



Recebi, há alguns dias, exemplares do livro O Preço da Liberdade, escrito por Rouxinol do Rinaré, ilustrado por Kazane e editado pelo IMEPH, de Fortaleza. Um primor em termos gráficos e editoriais, o livro foi assim apresentado por mim:


O PREÇO DA LIBERDADE - de Rouxinol do Rinaré


A publicação de O preço da liberdade, originalmente lançado em folheto com o título A história dum filho errante e as preces de uma mãe, faz justiça a um dos maiores valores do cordel contemporâneo, Rouxinol do Rinaré. A história de queda e redenção narrada por Rouxinol e dirigida ao público juvenil alerta sobre o perigo que ronda aqueles que, em busca da liberdade, acabam se submetendo ao vício e à degradação.
Alberto Felício, o protagonista, é um jovem que vive num lar modesto, mas sem preocupações, sob a proteção de pais amorosos. De uma hora para outra, sem entender os valores dos pais, Alberto sucumbe ao alcoolismo e, tomado por estranho impulso, decide abandonar o lar em direção ao estrangeiro. Lá, gasta o que resta de suas economias de forma dissoluta e termina na mendicância. Um sonho premonitório, no entanto, o faz repensar a maneira como vivera até então.
O drama de Alberto parece ter como ancestral a lenda de Roberto do Diabo, personagem do folclore europeu que forneceu matéria para um romance de cordel atribuído a Leandro Gomes de Barros. Há, porém, uma sutil diferença: na tenebrosa lenda Roberto concebido a partir de um pedido blasfemo de sua mãe, comete todos os excessos possíveis, como pilhagens, roubos e assassinatos sem conta. Alberto, por outro lado, mesmo imaginando fazer mal apenas a si mesmo, acaba com a tranquilidade dos pais. Unem os dois personagens, no entanto, a busca de redenção e a purificação por meio da fé. Há, ainda, uma notável similaridade com a parábola do filho pródigo, uma das mais belas do Evangelho de São Lucas.
O preço da liberdade é, por tudo o que foi exposto, um romance de exemplo, sem se pretender moralizante. E um dos melhores textos de Antônio Carlos da Silva, que, sob o nome de guerra Rouxinol do Rinaré, escreve mais um belo capítulo na história da literatura de cordel.

Marco Haurélio
Cordelista e pesquisador da
Cultura Popular Brasileira