domingo, 19 de fevereiro de 2017

Cordel e apropriação cultural

Cangaceiro (Aldemir Martins)

Já que o assunto está em voga, perguntaram-me se não há apropriação cultural do cordel, haja vista o interesse de escolas e, num passado não tão distante, a compra por programas de governo.

A minha resposta:


— Não! Se não há o envolvimento amoroso, o enlevo, o brilho nos olhos, não se pode dizer que houve apropriação. O que mais tenho visto são simulacros, arremedos, tentativas desajeitadas de reprodução de um gênero, que exige mais do que técnica, conhecimento de regras ou estudos superficiais, que resvalam em Câmara Cascudo e Leonardo Mota, quando muito. Há, por assim dizer, uma ritualística, que jamais será compreendida por quem acha que um amontoado de sextilhas forma um cordel. 

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